Lula e Dilma ainda acreditam em conciliação?
O Conversa Afiada reproduz da Carta Capital a imperdível Rosa dos Ventos, de Maurício Dias:
Ao encerrar a caravana de sete dias de viagem por Minas Gerais, Lula desceu do palanque na capital do estado, Belo Horizonte, e deixou para trás uma bomba política para explodir dentro do PT, ao propor o perdão para os que apoiaram o golpe, o impeachment e destituíram a presidenta Dilma Rousseff.
Dilma, em viagem política pela Europa, enfrentou tranquilamente a pergunta feita a partir da proposta de Lula. Ela respondeu: “O Brasil precisa se reencontrar”. Na sequência da resposta, acrescentou que o PT não deve ter espírito vingativo nas próximas eleições.
Eleita democraticamente pelas urnas, ela, talvez com alguma ironia, reafirmou o remédio: “Perdoar a pessoa que bateu panela achando que estava salvando o Brasil, e que depois se deu conta de que não estava”.
Resta hoje o choro e o ranger de dentes. Um sentimento de reação à esquerda e entre alguns militantes petistas. Lula propõe acabar com isso e se dispõe a enfrentar a Justiça. É o caso de esquecer o resto. A história aponta um caminho para o ex-presidente.
Em 1950, o líder comunista Luís Carlos Prestes saiu da cadeia e foi imediatamente para o palanque de Getúlio Vargas, que então disputava a Presidência da República. Prestes, comprometido com a esquerda, sabia onde esta morava e onde residia a direita.
Situação semelhante ocorreu em 2002, quando foi escolhido o empresário José Alencar para vice-presidente na chapa de Lula e o petista buscava, então, amenizar as forças conservadoras contra o PT. Deu certo ao longo de dois mandatos de Lula e no primeiro mandato de Dilma, interrompido o segundo pelo golpe de 2016.
Nesse sentido de apaziguamento, os propósitos de Lula parecem ser os mesmos. Os números das pesquisas mostram que o petista está acima de 40% e pode ampliar o apoio. Bastaria para tanto a adesão de porções da classe média. Cabe-lhes fazer a opção. No entanto, esta linha de brandura cristã já não deu certo.