Lula promove aliança para combater Bolsonaro
Após o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ) anunciar que não será candidato a prefeito do Rio, lideranças de esquerda reforçaram o desejo de uma aliança para combater o bolsonarismo.
Na tarde deste sábado (16/V), o ex-presidente Lula (PT) escreveu no Twitter sobre o que chamou de luta contra o fascismo.
"Tenho profundo respeito e admiração política pelo Marcelo Freixo e sei o que ele e sua família enfrentam no Rio de Janeiro. E essa coragem tem muito valor para mim. Seguimos juntos na luta contra o fascismo, companheiro", publicou nas redes sociais.
Antes, em entrevista ao Globo, Freixo afirmou que o ex-presidente Lula pode colaborar para derrotar Bolsonaro
"Ele tem uma capacidade de dialogar com o povo pobre desse país que talvez só o Bolsonaro tenha neste momento. Não acho que o Lula seja uma força que atrapalha essa unidade. Ele pode ajudar muito. Se ele tiver o mesmo entendimento da necessidade de unidade, acho que ajuda muito. Com todas as criticas que se possa ter ao PT, aos erros e acertos, não vamos construir um campo capaz de derrotar o bolsonarismo sem eles", frisa.
Mais cedo, foi a vez do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) se manifestar. Haddad confirmou que o PT está disposto a abrir mão de candidaturas para apoiar nomes de seu centro político nas eleições municipais de 2020.
"O PT estava pronto a oferecer apoio à candidatura de Marcelo Freixo à prefeitura do Rio de Janeiro, como acontece em Porto Alegre, com Manuela Davila. Espero que os progressistas estejam unidos em torno de um nome que nos coloque no 2° turno para derrotar o atraso! Grande Freixo, tamo junto", escreveu.
Nesta semana, Freixo anunciou que não disputará as eleições municipais.
Estou fazendo isso em nome de algo que é maior do que qualquer coisa. Considero o governo Bolsonaro uma ameaça à democracia. E por que tanta gente competente está assistindo a um incompetente no poder? Algum erro todos nós cometemos e estou me incluindo. Estou tendo um gesto de chamar para a unidade. No Rio, coloquei minha candidatura, que era supostamente natural. Tive muito apoio de imediato do PT, de quem não tenho uma vírgula para falar. No Rio, não houve nenhuma crise de hegemonismo do PT do qual ele é acusado em outros lugares. Também estava tendo diálogo com o PCdo B. Mas o PDT não aceitou essa composição, mesmo com muito diálogo com o (Carlos) Lupi. Mas, ele entende que o PDT tem que lançar candidato porque tem projeto para 2022. O PSB sequer quis fazer reunião, mesmo eu tendo solicitado inúmeras vezes", justificou em entrevista ao Globo.
O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), ressaltou a simbologia da decisão.
"O deputado Marcelo Freixo é um talentoso parlamentar, um dos maiores líderes do campo progressista no Brasil. Acredito que seu gesto de renúncia à candidatura no Rio deve ser lido como um convite à unidade do nosso campo. Não se pode minimizar o golpismo entranhado no poder", escreveu na noite de sexta-feira (15/V).
Aliança contra Bolsonaro
Ao deixar a disputa pela prefeitura do Rio, Freixo defendeu que os partidos de esquerda precisam apresentar um projeto melhor do que o de Bolsonaro.
"O Bolsonaro é tosco, violento e autoritário. Para derrotar o bolsonarismo é preciso mais que responder as crises que ele provoca. Tem que ir além. Temos que vencê-lo com um projeto que seja melhor que o dele. Qual é o nosso projeto? E aí acho que o desafio que está colocado é construir uma proposta calcada no combate à desigualdade e na garantia de direitos", apontou o deputado.
"Temos que retomar a Constituição de 1988. Precisamos de um projeto que não seja meu, do (Fernando) Haddad, do Ciro (Gomes), de quem for. Estou pedindo uma unidade tanto no Rio quanto em outros lugres. Vou dar um exemplo: acho importante apoiar a Manuela D'Ávila em Porto Alegre. É uma candidata compatível com o que estamos debatendo e não tem unidade lá também. Em Pernambuco, a gente teve uma situação delicadíssima e não podemos correr o risco de perder nenhuma capital do Nordeste", acrescentou.
Freixo usa como exemplo os vários pedidos de impeachment contra presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para criticar o seu campo político.
"Dou o exemplo do impeachment. Quantos projetos de impeachment tem na casa? Mais de 20. Por que não conseguimos construir um projeto de impeachment coletivo, sociedade civil e partidos? Porque ficou um correndo na frente do outro para ver quem dá mais entrevista. Fica um querendo dizer que é mais contra Bolsonaro que o outro", disse.
'É uma disputa de espaço ali, só que não vai ter vitorioso de pedaço. A gente precisa ter maturidade. Muitas vezes conseguimos no Congresso. Mas a maturidade precisa sair dessas relações congressuais para as relações estratégicas de disputas eleitorais nas cidades. Não pode as pessoas se matarem nessas disputas. É muito ruim", completa.