Miro: é o Golpe dos Corruptos
Ou uma "pedalada constitucional"
publicado
05/08/2016
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A falta de caráter do tucano Anastasia
Em mais um capítulo grotesco do "golpe dos corruptos", a Comissão Especial do Impeachment no Senado aprovou nesta quinta-feira (4) o relatório do tucano mineiro Antonio Anastasia favorável ao afastamento definitivo da presidenta Dilma. Foram 14 votos a favor e cinco contrários. A partir da próxima terça-feira (9), o texto passa a ser analisado pelo plenário em uma votação prévia chamada de "pronúncia do réu". Se for aprovado por maioria simples - por 41 dos 81 senadores -, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, marcará a data para o julgamento final - previsto para começar em 25 ou 26 de agosto e que deve durar cerca de cinco dias.
A sessão que aprovou o relatório teve quase três horas e muito bate-boca. Dominada pelos golpistas, a comissão nem fez esforços para comprovar o crime de responsabilidade que justificaria o processo do impeachment. A motivação política da conspiração ficou evidente. Alguns senadores até fizeram questão de se defender, jurando que não são golpistas. A ex-serviçal da TV Globo, Ana Amélia (PP-RS), por exemplo, rechaçou a tese de que este impeachment é um típico golpe. "O rito está sendo respeitado aqui. Se assim não fosse, e aí de novo cai a narrativa do golpe, caberia ao STF suspender este processo. O STF não o fez, pois as leis e a Constituição estão sendo cumpridas rigorosamente".
No outro extremo, os senadores favoráveis à legalidade democrática deixaram de lado o conhecido cretinismo parlamentar. Lindbergh Farias (PT-RJ) foi enfático: "Não é necessário ter tanques nas ruas. Esse é um golpe frio. Os que votaram pelo impeachment ficarão na História como golpistas". Já o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), classificou o processo como uma "pedalada" contra a democracia. "Os decretos jamais justificariam a retirada de uma presidente... Escolheu-se a criminosa e agora procuram por um crime... Passam por cima da Constituição em nome de um projeto de poder. Querem vencer no parlamento porque não conseguem vencer nas urnas".
As pedaladas do cínico tucano
Entre os golpistas, porém, o papel mais deprimente coube ao relator do processo, o senador Antonio Anastasia. Ex-governador de Minas Gerais, o tucano demonstrou total falta de caráter. Como acusou o advogado da presidenta Dilma, o ex-ministro José Eduardo Cardozo, seu relatório final foi "movido pela paixão partidária". Não apresentou provas, mas apenas "indícios". O tucano insistiu na tese das "pedaladas fiscais" quando todo o mundo político sabe que ele cometeu o mesmo "crime" durante sua gestão em Minas Gerais. Ele também fez várias insinuações sobre desvios de verbas públicas, quando são conhecidas as inúmeras denúncias de corrupção que pesam contra ele há muitos anos.
Já quando da sua indicação para a relatoria, no final de abril, muitos senadores questionaram a sua moral para julgar o caso. Na ocasião, um documento da Controladoria-Geral de Minas Gerais foi bastante citado. Ele denunciou o ex-governador por corrupção, desvios e mau uso de dinheiro público na construção de um centro internacional de meio ambiente na cidade mineira de Frutal. A auditoria confirmou que os prejuízos aos cofres públicos chegaram a R$ 18 milhões. Entre as irregularidades, ela constatou pagamentos indevidos a empresas por serviços não prestados, superfaturamento, não entrega dos equipamentos comprados e restrição à competitividade nas licitações.
Também foram lembradas as suas famosas manobras fiscais, as tais pedaladas, na gestão pública. A senadora Fátima Bezerra (PT-RN) foi uma das que criticou a incoerência do relator neste assunto. "O senhor usou fartamente esse instrumento quando governou Minas Gerais. O senhor usou de muita contabilidade criativa quando era governador, tanto é que os documentos do Tribunal de Contas do seu estado e de outras instâncias provam que, infelizmente, o senhor não cumpriu preceitos constitucionais sagrados como a destinação de 12% para a saúde e 25% para a educação".
Na mesma linha, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) fustigou: "Dos quatro anos em que o senhor foi governador, o senhor não cumpriu em nenhum ano a meta fiscal em Minas Gerais. Agora quer cassar a presidente por um ato que fez como governador? Como justifica isso?... O senhor sabe que não tem autoridade para afastar uma presidente". Esta ausência de moral, porém, não o fez recuar no relatório golpista aprovado nesta quinta-feira, em mais um grotesco capítulo do "golpe dos corruptos".
Em mais um capítulo grotesco do "golpe dos corruptos", a Comissão Especial do Impeachment no Senado aprovou nesta quinta-feira (4) o relatório do tucano mineiro Antonio Anastasia favorável ao afastamento definitivo da presidenta Dilma. Foram 14 votos a favor e cinco contrários. A partir da próxima terça-feira (9), o texto passa a ser analisado pelo plenário em uma votação prévia chamada de "pronúncia do réu". Se for aprovado por maioria simples - por 41 dos 81 senadores -, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, marcará a data para o julgamento final - previsto para começar em 25 ou 26 de agosto e que deve durar cerca de cinco dias.
A sessão que aprovou o relatório teve quase três horas e muito bate-boca. Dominada pelos golpistas, a comissão nem fez esforços para comprovar o crime de responsabilidade que justificaria o processo do impeachment. A motivação política da conspiração ficou evidente. Alguns senadores até fizeram questão de se defender, jurando que não são golpistas. A ex-serviçal da TV Globo, Ana Amélia (PP-RS), por exemplo, rechaçou a tese de que este impeachment é um típico golpe. "O rito está sendo respeitado aqui. Se assim não fosse, e aí de novo cai a narrativa do golpe, caberia ao STF suspender este processo. O STF não o fez, pois as leis e a Constituição estão sendo cumpridas rigorosamente".
No outro extremo, os senadores favoráveis à legalidade democrática deixaram de lado o conhecido cretinismo parlamentar. Lindbergh Farias (PT-RJ) foi enfático: "Não é necessário ter tanques nas ruas. Esse é um golpe frio. Os que votaram pelo impeachment ficarão na História como golpistas". Já o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), classificou o processo como uma "pedalada" contra a democracia. "Os decretos jamais justificariam a retirada de uma presidente... Escolheu-se a criminosa e agora procuram por um crime... Passam por cima da Constituição em nome de um projeto de poder. Querem vencer no parlamento porque não conseguem vencer nas urnas".
As pedaladas do cínico tucano
Entre os golpistas, porém, o papel mais deprimente coube ao relator do processo, o senador Antonio Anastasia. Ex-governador de Minas Gerais, o tucano demonstrou total falta de caráter. Como acusou o advogado da presidenta Dilma, o ex-ministro José Eduardo Cardozo, seu relatório final foi "movido pela paixão partidária". Não apresentou provas, mas apenas "indícios". O tucano insistiu na tese das "pedaladas fiscais" quando todo o mundo político sabe que ele cometeu o mesmo "crime" durante sua gestão em Minas Gerais. Ele também fez várias insinuações sobre desvios de verbas públicas, quando são conhecidas as inúmeras denúncias de corrupção que pesam contra ele há muitos anos.
Já quando da sua indicação para a relatoria, no final de abril, muitos senadores questionaram a sua moral para julgar o caso. Na ocasião, um documento da Controladoria-Geral de Minas Gerais foi bastante citado. Ele denunciou o ex-governador por corrupção, desvios e mau uso de dinheiro público na construção de um centro internacional de meio ambiente na cidade mineira de Frutal. A auditoria confirmou que os prejuízos aos cofres públicos chegaram a R$ 18 milhões. Entre as irregularidades, ela constatou pagamentos indevidos a empresas por serviços não prestados, superfaturamento, não entrega dos equipamentos comprados e restrição à competitividade nas licitações.
Também foram lembradas as suas famosas manobras fiscais, as tais pedaladas, na gestão pública. A senadora Fátima Bezerra (PT-RN) foi uma das que criticou a incoerência do relator neste assunto. "O senhor usou fartamente esse instrumento quando governou Minas Gerais. O senhor usou de muita contabilidade criativa quando era governador, tanto é que os documentos do Tribunal de Contas do seu estado e de outras instâncias provam que, infelizmente, o senhor não cumpriu preceitos constitucionais sagrados como a destinação de 12% para a saúde e 25% para a educação".
Na mesma linha, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) fustigou: "Dos quatro anos em que o senhor foi governador, o senhor não cumpriu em nenhum ano a meta fiscal em Minas Gerais. Agora quer cassar a presidente por um ato que fez como governador? Como justifica isso?... O senhor sabe que não tem autoridade para afastar uma presidente". Esta ausência de moral, porém, não o fez recuar no relatório golpista aprovado nesta quinta-feira, em mais um grotesco capítulo do "golpe dos corruptos".