Moro e Huck evitam citar Bolsonaro em críticas
Montagem: RD1 Notícias
Desde que deixou o governo, em 24 de abril, o ex-ministro Sergio Moro usa o seu perfil no Twitter para fazer críticas à gestão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Após deixar o Ministério da Justiça e Segurança Pública, Moro fez 58 publicações na rede social (sem contar os RTs). Além de divulgar entrevistas e artigos, o ex-juiz comenta a crise provocada pela pandemia, as acusações que fez contra o presidente e os ataques virtuais que sofre.
Em nenhum momento, no entanto, Moro citou diretamente o presidente, que ele acusa de tentar interferir na Polícia Federal no período em que esteve no comando do Ministério.
Em suas publicações, Moro opta por indiretas ou metáforas. Na noite de sexta-feira (12/VI), Moro publicou a notícia sobre a invasão a um hospital no Rio de Janeiro. Na quinta-feira (11/VI), Bolsonaro, em sua live no Facebook, recomendou que as pessoas "entrem em hospitais públicos e/ou de campanha e filmem leitos destinados à COVID-19, para saber se estão vazios, ou não".
No comentário, Moro ignora as falas do presidente e diz: "É necessário que as pessoas pensem e reflitam sobre suas ações.Compreende-se a dor de uma família que perde um ente querido, mas precisamos repudiar a violência e atos tresloucados que colocam outros em risco.Esse comportamento não pode ser incentivado", publicou.
É necessário que as pessoas pensem e reflitam sobre suas ações.Compreende-se a dor de uma família que perde um ente querido, mas precisamos repudiar a violência e atos tresloucados que colocam outros em risco.Esse comportamento não pode ser incentivado. https://t.co/CxhluE92kX
— Sergio Moro (@SF_Moro) June 12, 2020
Em outro momento, para criticar Bolsonaro, Moro usa como exemplo um avião em pleno voo. "Imagine um avião em pleno voo na tempestade que, de repente, perde o piloto, depois o substituto do piloto e, por fim, inverte a lógica dos instrumentos de navegação. Não tem como dar certo. Transparência e rumo são fundamentais, especialmente em cenário de crise", escreveu no dia 8 de junho.
Imagine um avião em pleno voo na tempestade que, de repente, perde o piloto, depois o substituto do piloto e, por fim, inverte a lógica dos instrumentos de navegação. Não tem como dar certo. Transparência e rumo são fundamentais, especialmente em cenário de crise.
— Sergio Moro (@SF_Moro) June 8, 2020
Moro também ironizou a recriação do Ministério das Comunicações por Bolsonaro. De novo, não citou o presidente.
Recriado o Ministério da Propaganda. Quais serão os próximos?
— Sergio Moro (@SF_Moro) June 11, 2020
O Conversa Afiada fez um levantamento e comprovou que a última citação a Bolsonaro feita por Moro na rede social foi em 19 de abril, quatro dias antes de deixar o governo.
A prisão segue a estratégia do Gov do PR @jairbolsonaro e do MJSP de sermos duros, observada a lei, contra essas organizações criminosas. Prisão e isolamento dos líderes, apreensão de drogas e armas e confisco do patrimônio criminoso.
— Sergio Moro (@SF_Moro) April 19, 2020
Huck segue o exemplo
Moro é um nome que surge para a disputa presidencial de 2022. Além dele, o apresentador Luciano Huck é uma alternativa para o chamado centro.
Há um tempo, Huck passou a ser mais ativo no Twitter. Em suas publicações, busca marcar posição em assuntos relevantes e também faz críticas ao atual governo.
Mas, assim como Moro, o apresentador não menciona diretamente o presidente. A última publicação de Huck com o nome Jair Bolsonaro é de janeiro de 2019.
Boa iniciativa presidente @jairbolsonaro Os “endowments” são a resposta p/ a longevidade saudável de universidades, museus, ações sociais, fomento à ciência e etc. Qq ação onde o interesse público é relevante mas q não consegue se viabilizar ou auto-financiar pode se beneficiar.
— Luciano Huck (@LucianoHuck) January 8, 2019
Em 2018, na campanha eleitoral, Huck declarou: "No PT jamais votei e nunca vou votar" e completou dizendo que "acredita que as pessoas amadurecem e evoluem", ao falar sobre Bolsonaro.
Leia algumas indiretas de Huck ao presidente.
Não dá para engatar marcha à ré no Brasil em pleno 2020. Ainda mais quando se trata de educação e formação. Impôr reitores biônicos atropela a autonomia universitária. Trata um assunto de Estado c/ ideologia antidemocrática. Ignora o poder transformador da Educação.
— Luciano Huck (@LucianoHuck) June 12, 2020
Desrespeitar a Constituição é balbúrdia. Muito bom ver as instituições democráticas do Brasil em ação. Freios e contrapesos garantindo a ordem constitucional. https://t.co/Ol0K9Nzngq
— Luciano Huck (@LucianoHuck) June 12, 2020
Informação precisa é o q há de mais valioso. É o novo petróleo, dizem. Na pandemia, negar os fatos é atentar contra o cidadão e desconhecer a gravidade do problema. Ignorar um problema não resolve nada. Maquiar um problemão não o torna menos problemático.
— Luciano Huck (@LucianoHuck) June 6, 2020