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Moro é o Golbery do Lula

Tudo menos o líder do povo
publicado 16/07/2017
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O Imparcial de Curitiba provaria que ele era o verdadeiro dono da Forno de Chão

O Conversa Afiada reproduz afiada analise de Cesar Fonseca que descreve o papel sinistro do "Feiticeiro" Golbery, aquele que, segundo o historialista Elio Gaspari é um dos Pais Fundadores da Democracia brasileira, na excelsa companhia do "Sacerdote", o Geisel:

Moro contra Lula/PT em 2017 repete Golbery contra Brizola/PTB em 1980


ESTRATÉGIA UDENISTA

 

Carlos Drummond de Andrade, no Jornal do Brasil, escreveu “O dia em que vi um homem chorar”.

Era Leonel Brizola.

Ele havia perdido a sigla PTB, tirada dele por Golbery, com ajuda do Procurador Geral da Justiça Eleitoral, Firmínio Ferreira Paz, em 1980, para transferi-la a Ivete Vargas, jornalista e ex-deputada pelo partido, neta de Viriato Vargas, irmão do presidente Getúlio, casada com Paulo Martins, assessor de Golbery.

Com isso, os militares, em plena ditadura, cortaram as asas de Brizola, que chegara do exílio para fazer campanha eleitoral à presidência da República, como corolário da anistia política, que o presidente Figueiredo promoveria.

Brizola virara mito do PTB, no exílio, como reconheceria Golbery, razão pela qual intentava construir candidatura alternativa para enfrentá-lo e derrotá-lo, algo difícil.

MAGO POLÍTICO DA DITADURA

O mago da articulação política dos militares bolou a destruição do PTB, criado por Vargas, com o qual Brizola, herdeiro legítimo do varguismo, sonhava em chegar, nos braços do povo, ao Planalto.

O objetivo, claro, era continuar o nacionalismo de Getúlio, vítima de golpe, em 1954, e de Jango, derrubado em 1964.

Uma das armas de Golbery, segundo Ivete Vargas disse aos trabalhistas, na casa do deputado Simões da Cunha, era fortalecer Lula, então líder metalúrgico de prestígio no ABC paulista, criador do PT, para rivalizar com Brizola nas urnas.

Sinval Boaventura, parlamentar do PTB, segundo o jornalista Sérgio Oliveira (“Trabalhismo, ontem e hoje – do PTB ao PDT, em 28 de maio de 2013, OM), aliado de Golbery, foi a ele confirmar afirmações de Ivete.

Confirmou-as.

JUDICIALIZAÇÃO ONTEM E HOJE

A partir daí, Golbery não sossegou até obter de Firmínio Ferreira Paz a sentença do TSE, cassando pretensão brizolista.

Foi um trauma tremendo para o líder trabalhista gaúcho.

Na sequência, politicamente, machucado, Brizola criaria o PDT, ao qual aderiram os velhos trabalhistas.

Carlos Castello Branco, lembra Sérgio Oliveira, registraria, no Jornal do Brasil, que “O PTB de hoje não é o PTB de ontem”.

Seria, apenas, uma farsa fantasiosa criada por Golbery, para apagar o prestígio daquele que havia sido, até então, o maior partido político popular do Brasil.

Configura-se, nesse ato político farsesco, o que ocorre largamente hoje, a tal da judicialização da política, a partir de interferência do Tribunal Superior Eleitoral.

Mutatis mutantis, rola, agora, algo bastante semelhante com Lula, a partir da ação de um neo-Golbery, expresso na figura do juiz Sérgio Moro, cuja missão política, em vez de jurídica, é alcançar mesmo objetivo: detonar Lula.

GOLPISMO DESCARADO


Afastar o ex-presidente de uma candidatura presidencial a partir de uma penada jurídica, eis o objetivo indisfarçável.

Pura judicialização da política, para satisfazer interesses dos golpistas que derrubaram, em 2016, a presidenta Dilma Rousseff, eleita, democraticamente, com 54 milhões de votos.

O medo de Golbery e seus pares era ver eleito herdeiro daqueles que derrubaram, Vargas e Jango, embora, no poder, tenham os militares, depois da experiência neoliberal fracassada de Castello Branco, seguido a orientação econômica nacionalista getulista, segundo Léo de Almeida Neves, em “Trabalhismo Autêntico”, publicado no JB, em 29.05.2005, citado no trabalho de Sérgio Oliveira.

Lula, nesse momento, portanto, é vítima das mesmas maquinações políticas da elite que quer vê-lo longe do Planalto, em 2018.

O líder petista, evidentemente, se eleito, colocaria abaixo as orientações políticas e econômicas neoliberais que os golpistas adotam, graças ao golpe parlamentar, jurídico e midiático que articularam, para detonar o PT e sua presidenta.

Brizola como Lula não podem assumir o poder, porque a meta que defendem é a da política social como instrumento macroeconômico de distribuição de renda com justiça social, motor do desenvolvimento sustentável.

Essa estratégia bate de frente com a do mercado financeiro, que bancou o golpe de 2016 e continua bancando contrarreformas no Congresso, mediante despejo de bilhões de reais, para sustentar parlamentares golpistas.

GRANA PARA TODO LADO

A confirmação desse pressuposto da nova política foi o despejo de grana solta para comprar votos na Comissão de Constituição e Justiça(CCJ), semana passada, quando se votou rejeição de autorização da Câmara para Temer, o ilegítimo, ser processado pelo Supremo Tribunal Federal(STF), a partir de solicitação do Procurador Geral da República(PGR), Rodrigo Janot.

A manobra espúria de Golbery para derrubar Brizola, retirando-lhe o PTB, obra política de Vargas nacionalista, é, apenas, aparentemente, diferente, do mesmo gesto espúrio, nada jurídico, mas, meramente, político, rasteiro, de Moro.

Essencialmente, trata-se da mesma coisa: afastar alguém, Lula, do caminho do Planalto que possui amplo respaldo de pesquisas populares.

Como seus adversários políticos, no poder por meio de golpe, adotam política econômica antinacionalista, antipopular, entreguista, destruidora de direitos e conquistas sociais, consagradas, constitucionalmente, que os inviabilizam à disputa eleitoral democrática, armam sua permanência mediante golpes em quem, pelas urnas, pode derrubá-los.

Brizola derrubaria os adversários, brandindo a bandeira nacionalista do PTB varguista; Lula, pela mesma forma, não têm páreo para vencê-lo, nas atuais circunstâncias.

COSTURAR FIO DA HISTÓRIA

O que isso demonstra, historicamente, falando?

Simples.

A necessidade política de união Lula-Vargas- Brizola.

Afinal são fios de uma mesma história, que a direita, mediante manobras espúrias, da judicialização política, tenta cortar.

Quem paga o pato é a democracia.

O último presidente militar, Figueiredo (C), com o Ministro Leitão de Abreu (E), visita a presidente do PTB de Golbery