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Os Golpistas têm licença para matar

Falar de Ciro agora é palavrório
publicado 07/05/2018
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 O Conversa Afiada publica artigo sereno - sempre! - do colUnista exclusivo Joaquim Xavier, que refuta o professor Wanderley Guilherme dos Santos, autor de "o PT quer dar o poder legal à Direita?":

É mais do que saudável, senão motivo para festejar, que as forças de oposição discutam sem sectarismos os rumos do país. Um desses interlocutores eletrônicos é o professor, cujo calibre intelectual dispensa maiores comentários. Um exemplo para os fascistóides que só “trocam” ideias para descobrir como melhor fulminar o país.

Mesmo sem o calibre e as credenciais do professor, permito-me externar a leitura que faço deste momento gravíssimo. A intervenção militar (fracassada) no Rio, o assassinato à queima-roupa da vereadora Marielle e seu motorista Anderson, as prisões em massa de inocentes em pagodes, os tiros contra a caravana Lula e a fuzilaria disparada por armas privativas das forças “oficiais” contra o acampamento Lula Livre marcam um ponto de inflexão. A ponto de um delegado da Polícia Federal se sentir à vontade para destruir equipamentos de som de adversários da prisão de Lula com a... proteção da Polícia Militar do governo tucano!

O silêncio das “autoridades”, bem como as justificativas hipócritas dos golpistas, dão o tom do momento atual. A palavra de ordem emitida desde o Jaburu, o supreminho e o congresso coalhado de ladrões não podia ser mais clara: licença para matar os adversários. Só não enxerga quem não quer.

A estratégia dos golpistas nunca esteve tão clara. Valendo-se de provocadores facínoras a soldo da elite rentista, da mídia oficial e do grande capital internacional, a intenção é criar um ambiente à la Venezuela, ou Honduras. E, com isso, justificar o cancelamento de eleições verdadeiramente livres, nas quais já estão convencidos que não têm a menor chance de vencer. 

Esse é o cenário predominante. E o símbolo maior deste embate, queira-se ou não, é a luta pela liberdade de Lula, do direito de o maior líder popular do país preso injustamente, sem provas ou acusações convincentes, disputar as eleições. 

 Abrir mão desta bandeira neste momento equivale a uma rendição antecipada, não a uma submissão ao PT. O próprio povo entende isso melhor do que ninguém. Não por outra razão o partido tem sido a legenda que mais cresce, com filiações se multiplicando para espanto dos próprios comandantes.

O tal do Plano B enquanto as alternativas permanecem abertas, na verdade, esconde uma atitude covarde inclusive de alguns medalhões do próprio partido. Travestidos de valentes e combativos, recuam à primeira canetada de uma juizeca como Carolina Lebbos. A Constituição o Código Penal, as leis internacionais do qual o país é signatário, asseguram, por escrito, que representantes eleitos pelo povo têm não só o direito, como o dever, de adentrar qualquer repartição pública.

O que fizeram “vossas excelências”? De rabo entre as pernas, deram meia volta e saíram a vocalizar discursos tão inflamados quanto a sua própria covardia institucional. Pergunta: por que não se mantiveram à porta da masmorra onde se encontra confinado o ex-presidente Lula até que seu direito consagrado fosse respeitado pela amanuense curitibana?

Haveria conflito? Provavelmente. Conflito entre a democracia e o estado de exceção. Na pior das hipóteses, serviria de mais um aprendizado e estímulo para um povo farto de discursos “combativos” que até agora resultaram num golpe de estado, numa reforma patronal (dita trabalhista), na liquidação da Petrobras, em 13 milhões de desempregados, na liquidação da soberania nacional, na humilhação internacional do país, no esbulho da Constituição.

Conversar agora sobre se Ciro Gomes vai ser cabeça de chapa, se Haddad é o plano H com a ajuda de Delfim Netto (??!!), se Guilherme Boulos e Manuele Dávila devem lançar suas candidaturas –tudo isso compõe o debate. Aliás, palavrório é o que mais atrai grande parte deste pessoal. Problema: enquanto as tertúlias proliferam, o estrondo dos tiros e das truculências sem resposta à altura da oposição é o que realmente preocupa o povo, povo que sacrifica o pouco que tem para sobreviver no sereno de um terreno baldio em Curitiba na defesa do símbolo maior por um país mais justo.

A resposta que este povo, a maioria do Brasil, procura é saber como se defender de inimigos armados e protegidos pelas ditas instituições. É nisto que a dita oposição, despida de vaidades e palavrório rebuscado, deveria se concentrar.