Paulo Preto tinha oito empreiteiras para subornar Serra
O Conversa Afiada reproduz do Globo Overseas reportagem de Cleide Carvalho e Gustavo Schmitt sobre aquele a quem o Careca, o maior dos ladrões, cujos crimes prescrevem no Supremo, trata de forma politicamente correta: de "Paulo Afrodescendente":
Apontado como responsável pela arrecadação de caixa 2 para campanhas do PSDB, o engenheiro Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, ex-diretor da Dersa, é acusado pelo operador Adir Assad de ter lhe apresentado pelo menos oito empreiteiras e consórcios que atuaram em obras do governo de São Paulo entre 2008 e 2010, ano de campanha presidencial do tucano José Serra. Em delação premiada, Assad contou que conheceu Souza no fim da década de 1990, quando ambos treinavam em academias para se tornarem triatletas. Sobreveio um período de distanciamento e, em 2008, os dois se reencontraram durante o Ironman Brasil, em Penha, Santa Catarina. Foi neste encontro, segundo ele, que Souza se dispôs a apresentá-lo a empreiteiras para que fornecesse notas frias, com o objetivo de gerar dinheiro em espécie para pagamento de propina a políticos e agentes públicos.
(...) Assad contou em sua delação que, na época, Souza se gabava de estar “organizando o mercado” e de ser o principal arrecadador de fundos para a campanha do PSDB e para financiar a eleição de deputados do partido. Em seu depoimento, Assad disse que Souza, então responsável pelas obras viárias do governo paulista, se provou um “poderoso cartão de visitas”: todas as suas indicações resultaram em novos negócios. Segundo ele, o momento econômico também era favorável, pois antecedia as eleições de 2010 e o investimento em obras públicas estava alto.
Entre as empresas que Souza lhe apresentou estão Construcap e Delta, além do grupo CCR, que não é alvo da Lava-Jato. Sozinha, a Delta repassou R$ 27,7 milhões a empresas de Assad entre 2006 e 2012. A Construcap pagou R$ 1,8 milhão. Pelo “cartão de visitas”, Souza cobrava percentuais e recebia o dinheiro, segundo Assad, em malas entregues numa casa na Vila Nova Conceição, em São Paulo, mesmo bairro onde morava. Das empreiteiras, Assad cobrava taxas que variavam de 10% a 15% do valor do contrato.
ASSAD: CONHECIDO POR INTERMEDIAR PROPINAS
O operador Adir Assad tem uma extensa ficha de serviços prestados na ilegalidade, no papel de intermediador de recursos para pagamento de propinas. Apenas para abastecer a Andrade Gutierrez, por meio da empresa Legend, foram cerca de R$ 125 milhões pagos entre 2006 e 2011. Condenado a mais de 20 anos de prisão pelos juízes Sergio Moro, da Justiça Federal de Curitiba, e Marcelo Bretas, da Justiça Federal do Rio de Janeiro, cumpre pena no Complexo Médico Penal, em Curitiba. Graças a acordo de colaboração, deve ser libertado ainda este ano.
Os repasses vinculados a obras do governo paulista já apareceram na quebra de sigilo bancário das empresas de Assad, pedida pelos procuradores da Lava-Jato. O consórcio SVM, que atuou em obras da Avenida Jacu-Pêssego, em São Paulo, depositou pelo menos R$ 7,4 milhões em contas de suas empresas de fachada. Os dois consórcios que trabalharam nas obras de ampliação da Marginal Tietê, uma das principais vias da capital paulista, também apareceram como depositantes. O Consórcio Nova Tietê, liderado pela Delta, repassou R$ 37 milhões para a Legend. O Consórcio Desenvolvimento Viário depositou R$ 16,1 milhões para a SM Terraplanagem. Do Rodoanel Sul, os depósitos somaram R$ 4,8 milhões.
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