PiG argentino esconde os avanços do governo Fernández. Surpresa!
(Crédito: Sandra Cartasso/Pagina 12)
Por Washington Uranga, no Pagina 12, com tradução do Conversa Afiada - Desde 10 de dezembro passado, há um novo governo. As prioridades são outras. O foco está nos pobres, nos setores mais vulneráveis da sociedade. As diretrizes da política econômica são modificadas em função da reativação e do trabalho. A produção, a economia popular, entre outros temas, ganham força não apenas no discurso oficial, mas, fundamentalmente, se expressam nas decisões tomadas.
Alberto Fernández exerce plenamente seu status de autoridade mais alta do país, contradizendo agourentas previsões. Os direitos das mulheres têm prioridade efetiva. Não há gestos, cenas armadas para a televisão, mas situações palpáveis baseadas em decisões de gestão e no comprometimento direto e pessoal dos funcionários. Existem diferenças nas equipes do governo, mas ninguém as esconde, porque a determinação é assumir a diversidade como uma riqueza.
Tudo isso é parte do que pode ser visto a olho nu, apesar do véu que as grandes empresas de mídia tentam impor, filtrando as informações com sua própria perspectiva. Porque não se opina apenas nos editoriais, mas principalmente quando você escolhe quais notícias publicar e quais descartar ou enviar ao local menos visível da página menos visitada, ou no horário de menor audiência.
Para alguém que só se informe sobre a nova realidade argentina a partir da janela dos meios de comunicação que respondem às grandes corporações, com La Nación e Clarín liderando o exército da mídia, nada ou muito pouco mudou na Argentina desde 10 de dezembro. Reconhecem apenas que hoje outros ocupam a gestão do governo, porque foram eleitos democraticamente. Mas eles questionam e tentam deslegitimar seu poder real com a seleção de notícias, com os editoriais, com as manchetes favoráveis aos mesmos grupos de poder a que eles vinham servindo (fala-se em "campo" para representar apenas uma minoria de grandes produtores; de "empresários", uma categoria em que as Pequenas e Médias Empresas (Pymes) nunca entram, apenas para dar um exemplo).
Para aqueles que não assistem ou participam da vida cotidiana e apenas se informam pelos veículos que dependem das corporações, "tudo está errado" ou "será pior", apesar dos aumentos nos salários e na aposentadoria; Cristina Fernández governa nos bastidores, embora as evidências digam que Alberto Fernández exerce plenamente a presidência; Axel Kicillof é apenas um jovem caprichoso que, da província de Buenos Aires, revela seu "comunismo" residual; os "tratoraços", protagonizados por um punhado de produtores agropecuários, merecem a cobertura dos grandes veículos que nunca dão espaço à agroecologia, aos agricultores familiares ou às cooperativas. Os atuais aumentos de preços já são uma conseqüência da política econômica do novo governo, sem responsabilidade de seus antecessores. Pelas mesmas fontes, o sindicalismo discorda das medidas do governo e, como em outras frentes, "a dissidência e as contradições já são visíveis" devido à "kirchnerização" de Alberto Fernández.
São os permanentes dois pesos e duas medidas para os acontecimentos. Antes e agora. Mas sempre situados no mesmo local de supostos árbitros do poder e construtores de seu relato. Claro: nada a ver com o "jornalismo militante" que eles denunciaram por tanto tempo! É apenas "prática profissional" de "jornalismo independente".
Sem perder de vista o fato de que, para Juan José Sebreli, uma das vozes intelectuais do macrismo há muito reproduzidas pela mídia ligada à atual oposição, profetiza que "o peronismo desaparecerá porque não há nada que dure cem anos".
Como se pode ver, nada mudou para os donos do poder midiático. Porque eles continuam apontando contra a mesma liderança política, a que estava anteriormente na oposição e agora está no governo. Porque eles continuam a ser aliados e porta-vozes dos grupos de poder dos quais eles próprios participam e de cuja ganância se servem. São eles que acreditam que podem decidir entre o "bom" e o "mau" para o país, porque acreditam que, além dos resultados da democracia, continuam a ser os únicos detentores da verdade.
À vista está: nada mudou para quem tenta contar a história e obter informações apenas de seus interesses ou favorecer seus aliados. E, no entanto, e graças à democracia, a mudança está em andamento.
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