Posição contra Irã é amadora até para alguém como Bolsonaro
Do Blog do Kennedy Alencar - A posição do presidente Jair Bolsonaro e do Itamaraty em relação à crise entre EUA e Irã rebaixa o papel internacional do Brasil e contraria toda a tradição diplomática do país.
A submissão incondicional ao presidente Donald Trump e a ignorância geopolítica contrariam o histórico de não apoiar agressões unilaterais, o reforço do papel da ONU e a defesa do diálogo para mediar conflitos em vez da força militar.
Bolsonaro e o ministro da Relações Exteriores, Ernesto Araújo, ferem suscetibilidades persas e de países árabes simpáticos ao Irã. Isso pode afetar o comércio do Brasil com o Oriente Médio.
Em relação ao Irã, a balança comercial é francamente favorável ao Brasil, que teve entre janeiro e novembro de 2019 saldo positivo de mais de US$ 2 bilhões. O Brasil exportou, basicamente, soja, milho e carne bovina para os iranianos.
Se Bolsonaro ignora isso, a diplomacia profissional brasileira deveria alertá-lo. Mas, comandada por Ernesto Araújo, houve opção pela subserviência a Trump. É amadorismo até para um presidente como Bolsonaro.
Estimular a ação dos EUA como polícia do mundo e assumir posição desabrida contra um país com o qual o Brasil tem boas relações contrariam os interesses nacionais. O Brasil saiu do papel de interlocutor respeitado no Oriente Médio para o de uma república de bananas submissa a Trump.
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