PSDB purga o pecado do Golpe
Cruvinel: o PMDB não larga o osso porque não tem mais nada a perder...
publicado
11/11/2017
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O Conversa Afiada reproduz artigo da magnífica Tereza Cruvinel:
Nas últimas horas o senador Aécio Neves foi posto no pelourinho, tomando chibatadas de todo lado, de adversários, companheiros de partido e apoiadores. Os desatinos maiores têm sido cometidos é por ele mesmo, como este último, de destituir o senador Tasso Jereissati da presidência interina do partido para tentar evitar o desembarque tucano do governo. Além de Alckmin, FHC também não foi consultado. No “pinga fogo” de ontem na Câmara, o deputado Rocha (AC) chegou a pedir que ele deixe o PSDB para não continuar a envergonhar o partido. Mas o inferno do PSDB não é obra exclusiva de Aécio. É a consequência da participação dos tucanos no golpe e no governo de Michel Temer. Constatado o tamanho e a gravidade do erro, a tentativa de corrigir o rumo produziu esta fratura exposta.
Todos, entretanto, são responsáveis pela derrocada do partido que foi fundado por herdeiros da luta pela democracia, como FHC, Covas, Richa e Montoro. Em 1988, eles se rebelaram contra os descaminhos (pautados pela corrução e o fisiologismo) tomados pelo PMDB que todos abrigara na resistência à ditadura. Depois governaram o país por oito anos. Todos são responsáveis, ainda que Aécio, ressentido com a derrota em 2014, tenha sido o principal artífice da união com o PMDB e o DEM para derrubar Dilma e entronizar Temer no Planalto. Havia resistência interna ao impeachment mas os demais dirigentes cederam ao revanchismo de Aécio e evitaram um debate interno, corajoso e franco, sobre as consequências do embarque no golpe. Pelo contrário, ajudaram a calar os integrantes da bancada que tentaram se opor.
Todos sabiam que, apesar dos discursos trovejantes a corrupção de petistas, ele e outros também poderiam ser alcançado pela Lava Jato. Ninguém disputa, ou disputava, eleições neste país sem ajoelhar-se e beijar a cruz na relação promíscua com os donos do dinheiro. Apostaram na impunidade mas Aécio, por mais encalacrado, enroscou-se definitivamente com Temer e sua turma para salvar a pele. Entrou para a turma do Jaburu e deixou os interesses do PSDB em segundo plano, queixam-se os tucanos. Apontada a necessidade de deixarem o governo, Aécio foi para o tudo ou nada dentro do partido, destituindo Tasso.
Nunca vi um partido lavar sua roupa suja no plenário da Câmara com tanta falta de cerimônia como ontem. O discurso de Rocha foi curto e grosso. “O senador Aécio Neves envergonha o PSDB. Chegou a hora de ele deixar o partido, tomar seu rumo para não nos envergonhar mais”. Daniel Coelho, de Pernambuco, também fez um discurso vigoroso, informando que nem Fernando Henrique foi previamente consultado sobre a destituição de Tassso, que teria sido arquitetada com Temer e os peemedebistas. O deputado Marcus Pestana, aliado de Aécio, tomou sua defesa, alegou a isonomia necessária na disputa interna, num discurso com voz trêmula. Não é fácil justificar tantos desatinos.
Purgam os tucanos o pecado de terem atentado contra a democracia que ajudaram a construir. Purgam o pecado da hipocrisia, por terem derrubado Dilma em nome da moralidade, para levarem ao poder um governo de corruptos.
Aliás, os dois principais partidos do golpe estão sendo igualmente castigados. Segundo a última pesquisa Datafolha, na preferência atual dos eleitores o PSDB tem 4%, o PMDB 5% e o PT, 18%. O PMDB não terá candidato a presidente, mesmo tendo a Presidência, e corre o risco de desaparecer em alguns estados. A diferença é que o PMDB nunca teve projeto político. Seu objetivo sempre foi alcançar a máquina do Estado para dela se servir, não para viabilizar qualquer programa. Por isso, diferentemente dos tucanos, que ainda têm o que perder, eles se entendem, não largam o osso e não brigam entre si.
Todos, entretanto, são responsáveis pela derrocada do partido que foi fundado por herdeiros da luta pela democracia, como FHC, Covas, Richa e Montoro. Em 1988, eles se rebelaram contra os descaminhos (pautados pela corrução e o fisiologismo) tomados pelo PMDB que todos abrigara na resistência à ditadura. Depois governaram o país por oito anos. Todos são responsáveis, ainda que Aécio, ressentido com a derrota em 2014, tenha sido o principal artífice da união com o PMDB e o DEM para derrubar Dilma e entronizar Temer no Planalto. Havia resistência interna ao impeachment mas os demais dirigentes cederam ao revanchismo de Aécio e evitaram um debate interno, corajoso e franco, sobre as consequências do embarque no golpe. Pelo contrário, ajudaram a calar os integrantes da bancada que tentaram se opor.
Todos sabiam que, apesar dos discursos trovejantes a corrupção de petistas, ele e outros também poderiam ser alcançado pela Lava Jato. Ninguém disputa, ou disputava, eleições neste país sem ajoelhar-se e beijar a cruz na relação promíscua com os donos do dinheiro. Apostaram na impunidade mas Aécio, por mais encalacrado, enroscou-se definitivamente com Temer e sua turma para salvar a pele. Entrou para a turma do Jaburu e deixou os interesses do PSDB em segundo plano, queixam-se os tucanos. Apontada a necessidade de deixarem o governo, Aécio foi para o tudo ou nada dentro do partido, destituindo Tasso.
Nunca vi um partido lavar sua roupa suja no plenário da Câmara com tanta falta de cerimônia como ontem. O discurso de Rocha foi curto e grosso. “O senador Aécio Neves envergonha o PSDB. Chegou a hora de ele deixar o partido, tomar seu rumo para não nos envergonhar mais”. Daniel Coelho, de Pernambuco, também fez um discurso vigoroso, informando que nem Fernando Henrique foi previamente consultado sobre a destituição de Tassso, que teria sido arquitetada com Temer e os peemedebistas. O deputado Marcus Pestana, aliado de Aécio, tomou sua defesa, alegou a isonomia necessária na disputa interna, num discurso com voz trêmula. Não é fácil justificar tantos desatinos.
Purgam os tucanos o pecado de terem atentado contra a democracia que ajudaram a construir. Purgam o pecado da hipocrisia, por terem derrubado Dilma em nome da moralidade, para levarem ao poder um governo de corruptos.
Aliás, os dois principais partidos do golpe estão sendo igualmente castigados. Segundo a última pesquisa Datafolha, na preferência atual dos eleitores o PSDB tem 4%, o PMDB 5% e o PT, 18%. O PMDB não terá candidato a presidente, mesmo tendo a Presidência, e corre o risco de desaparecer em alguns estados. A diferença é que o PMDB nunca teve projeto político. Seu objetivo sempre foi alcançar a máquina do Estado para dela se servir, não para viabilizar qualquer programa. Por isso, diferentemente dos tucanos, que ainda têm o que perder, eles se entendem, não largam o osso e não brigam entre si.