PSOL vai convocar Moro para explicar por que livrou miliciano ligado ao clã Bolsonaro de lista de procurados
(Divulgação/Polícia Civil)
Do site oficial do PSOL - O Ministério da Justiça e Segurança Pública, comandado pelo ex-juiz Sérgio Moro, divulgou na última quinta-feira (31) uma lista de 27 criminosos mais procurados do Brasil. O miliciano foragido Adriano da Nóbrega, comandante do Escritório do Crime, milícia mais antiga e bem estruturada do Rio de Janeiro, foi deixado de fora da lista: curiosamente, Adriano é ligado ao clã do presidente Jair Bolsonaro através de um de seus filhos, o atual senador Flávio Bolsonaro.
A bancada do PSOL já anunciou que fará um requerimento à Câmara dos Deputados, que volta do recesso parlamentar neste início de fevereiro, para que o ministro Sérgio Moro seja convocado ao Congresso Nacional para explicar a ausência do criminoso ligado ao seu chefe da lista de procurados.
A mãe e a esposa de Adriano da Nóbrega trabalhavam no gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro até 2018. Além disso, o miliciano foi homenageado pelo filho 01 do presidente da República, com a Medalha Tiradentes da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, em 2003.
O personagem central do escândalo de “rachadinha” no gabinete de Flávio Bolsonaro, Fabrício Queiroz, tinha relação direta tanto com Adriano como com sua esposa, que trabalhava no gabinete do filho do presidente.
Quando era deputado federal, Jair Bolsonaro também elogiou o criminoso como um “brilhante oficial” após o miliciano ter sido condenado a quase duas décadas de prisão pela morte de um guardador de carros que denunciou extorsões de policiais a moradores de uma comunidade. O atual presidente do país defendeu sua absolvição.
Adriano da Nóbrega também é acusado de diversos assassinatos e por jogo ilegal, além de comandar a milícia carioca.
Segundo o Ministério da Justiça, o ex-capitão do Bope não foi incluído porque “as acusações contra ele não possuem caráter interestadual, requisito essencial para figurar no banco de criminosos de caráter nacional”. Mas o próprio ministério colocou em sua lista dois outros milicianos que atuam apenas no Rio de Janeiro.
De acordo com Marcelo Freixo, deputado que apresentará o pedido do PSOL nesta semana, não existe justificativa pela ausência. “Se há qualquer criminoso do Rio de Janeiro na lista de mais procurados, tem que estar também o Adriano.”
De acordo com ele, que presidiu a CPI das Milícias, quando deputado estadual, em 2008, o Escritório do Crime tem envolvimento na morte de dezenas de pessoas, incluindo a vereadora Marielle Franco – executada em março de 2018. E conta com agentes e ex-agentes públicos de segurança promovendo corrupção.
“Ou o ministro é muito incompetente e esqueceu alguém que toda a Segurança Pública considera perigoso. Ou é pior, é conivência. Moro age mais uma vez para agradar ou não desagradar a família Bolsonaro”, conclui Freixo em entrevista ao jornalista Leonardo Sakamoto.
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