Política

Você está aqui: Página Inicial / Política / Quem é o novo Ministro da Justiça (sic)?

Quem é o novo Ministro da Justiça (sic)?

Mais, muito mais que um simples fã de Cunha...
publicado 24/02/2017
Comments
Osmar e Eduardo.jpg

Serraglio é mais do Cunha que do MT (Reprodução)

Ao escolher Osmar Serraglio como seu novo Ministro da Justiça (sic), o MT deixa claro que, finalmente, Eduardo Cunha tem um lugar no "ministério de notáveis" que o Presidente (sic), logo após o Golpe, prometeu montar.

Afinal, Serraglio disse, em abril do ano passado, que Cunha não era um vilão. Mas um herói! "Eduardo Cunha exerceu um papel fundamental para aprovarmos o impeachment da presidente. Merece ser anistiado", disse o novo Ministro da Justiça.

Serraglio sempre foi, aliás, um admirador do modo como Cunha controlava a Câmara dos Deputados. Admirava a extensão de seu poder, sua mão de ferro.

Vale lembrar que, em 2016, enquanto presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, ele indicou dois fortes aliados de Cunha para a relatoria de seu processo de cassação.

A repercussão dessa tentativa de construir um "acordão" foi tão grande que ele bateu à porta da... Globo.

À época, conseguiu até um direito de resposta no jn, para (tentar) explicar as manobras em benefício de seu ídolo.

E chorou quando Cunha foi preso, dizendo que aquilo representava a "queda da República".

Um escárnio!

Mas não é só isso.

Em 2014, a Justiça Federal do Mato Grosso enviou ao STF um processo que investigava o envolvimento de Serraglio em um esquema de invasão de terras indígenas e arrecadação de R$ 30 mil para relatar projeto que dificultaria ao máximo a demarcação dessas terras.

Serraglio é, inclusive, diretor jurídico da bancada ruralista na Câmara e relator da PEC 215, que quer tirar do Executivo a palavra final sobre demarcação de territórios indígenas - e transferir a prerrogativa, claro, ao Legislativo.

Nesse caso, o Executivo simplesmente levaria ao Congresso as suas considerações sobre as demarcações.

E quem decidiria a sorte dos indígenas seria o Congresso - que não passa de um lixão.

A Presidenta Dilma se manifestou em diversas oportunidades contra a PEC 215.

E fez o possível para trancar essa loucura.

Ao tentar defender a proposta, Serraglio lançou mão de um argumento barato, quase risível: "A pergunta que não quer se calar é: esses que bradam aos céus contra a opressão indígena estariam dispostos a abrir mão de todos seus pertences em prol da causa indígena?”.

Não faz sentido, claro.

Agora como Ministro, Serraglio poderá decidir quais propostas de demarcação de terras serão levadas ao Presidente (sic) e quais serão rejeitadas.

Citado pelo PiG Cheiroso, o ex-presidente da Funai Márcio Santili disse que Serraglio caberia perfeitamente no Ministério da Agricultura.

E completa: "Nos parece inadequado nomear para a Justiça uma pessoa que teve (...) forte atuação para debilitar os direitos constitucionais dos índios, quilombolas e outras minorias".

O C Af dá os parabéns ao MT por mais essa escolha brilhante!

É, de fato, um Ministério de notáveis!

Leonardo Miazzo, editor do C Af