Saturnino: qual é a responsabilidade da ONU?
Que forças impedem a reformulação da ONU na sua missão precípua?
publicado
20/10/2015
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"A responsabilidade histórica tem que ser apurada, julgada e corrigida", diz Saturnino (Foto: Divulgação)
O Conversa Afiada reproduz artigo de Saturnino Braga:
RESPONSABILIDADE
Além do horror do massacre dos judeus, a segunda guerra deixou o terrível rastro de 50 milhões de mortos. A Organização das Nações Unidas foi criada sob o sentimento de absoluta repulsa a este genocídio, com o propósito de evitar que estes horrores se repetissem na face da terra.
Todavia nos últimos 5 anos, num período menos extenso que o daquela guerra, um número muito maior do que 50 milhões de seres humanos, de todas as idades, perderam suas vidas, não no sentido de que tivessem morrido metralhados mas na realidade de que foram arrastados a deixar suas casas, suas cidades, suas famílias, suas gentes, suas profissões, suas vidas, enfim, para não morrerem metralhadas como aconteceu há três quartos de século.
As ondas de refugiados que horrorizam o mundo pelo noticiário ocidental, que apavoram e sacodem violentamente a Europa, são muito maiores fora do continente culto. São trinta ou quarenta vezes maiores no conjunto dos países miseráveis e devastados da Ásia e da África.
E a ONU exibe a plenitude da sua impotência, da sua ineficiência, da sua invalidez, ou da sua decrepitude. Que forças impedem a reformulação, a reativação, a efetivação da ONU na sua missão precípua? Serão as mesmas forças que invadiram o Iraque, o Afeganistão, que desestabilizaram a Síria, que arrasaram o Líbano, que ocupam a Palestina, que se estabeleceram à força naquela região depois do desmembramento do antigo e estável Império Otomano, que fizeram tudo isso em nome da democracia mas sob a avidez do business do petróleo?
Esta responsabilidade histórica tem que ser apurada, julgada e corrigida. Em Nuremberg, os responsáveis procuravam se eximir na desculpa de que cumpriam ordens, e o grande ordenador já estava morto, não podia falar.
De maneira análoga, agora o responsável pela política no mundo é o Grande Capital, é o Mercado, são os Bancos, entidades que não falam. Que comandam o grande mal, a grande corrupção, a grande matança mas não podem ser responsabilizados. São deuses novos, de um novo Olimpo, rico e limpo.
Mas o fato é que alguém, alguns seres pensantes, que encarnam essas entidades, que as representam, que decidem por elas ou são a elas submissos, e comandam os exércitos, dão ordens de ataque e autorizam a venda de armas, alguns chefes maiores têm de ser chamados à responsabilidade. Trata-se, afinal, do verdadeiro e grande escândalo do mundo de hoje!
E só a ONU, revigorada, reentronizada, revivida na sua criação, teria legitimidade para tal procedimento absolutamente exigível pela Humanidade.
Todavia nos últimos 5 anos, num período menos extenso que o daquela guerra, um número muito maior do que 50 milhões de seres humanos, de todas as idades, perderam suas vidas, não no sentido de que tivessem morrido metralhados mas na realidade de que foram arrastados a deixar suas casas, suas cidades, suas famílias, suas gentes, suas profissões, suas vidas, enfim, para não morrerem metralhadas como aconteceu há três quartos de século.
As ondas de refugiados que horrorizam o mundo pelo noticiário ocidental, que apavoram e sacodem violentamente a Europa, são muito maiores fora do continente culto. São trinta ou quarenta vezes maiores no conjunto dos países miseráveis e devastados da Ásia e da África.
E a ONU exibe a plenitude da sua impotência, da sua ineficiência, da sua invalidez, ou da sua decrepitude. Que forças impedem a reformulação, a reativação, a efetivação da ONU na sua missão precípua? Serão as mesmas forças que invadiram o Iraque, o Afeganistão, que desestabilizaram a Síria, que arrasaram o Líbano, que ocupam a Palestina, que se estabeleceram à força naquela região depois do desmembramento do antigo e estável Império Otomano, que fizeram tudo isso em nome da democracia mas sob a avidez do business do petróleo?
Esta responsabilidade histórica tem que ser apurada, julgada e corrigida. Em Nuremberg, os responsáveis procuravam se eximir na desculpa de que cumpriam ordens, e o grande ordenador já estava morto, não podia falar.
De maneira análoga, agora o responsável pela política no mundo é o Grande Capital, é o Mercado, são os Bancos, entidades que não falam. Que comandam o grande mal, a grande corrupção, a grande matança mas não podem ser responsabilizados. São deuses novos, de um novo Olimpo, rico e limpo.
Mas o fato é que alguém, alguns seres pensantes, que encarnam essas entidades, que as representam, que decidem por elas ou são a elas submissos, e comandam os exércitos, dão ordens de ataque e autorizam a venda de armas, alguns chefes maiores têm de ser chamados à responsabilidade. Trata-se, afinal, do verdadeiro e grande escândalo do mundo de hoje!
E só a ONU, revigorada, reentronizada, revivida na sua criação, teria legitimidade para tal procedimento absolutamente exigível pela Humanidade.