Saturnino: vai ter eleição! (mesmo que capenga...)
É preciso discutir o Brasil do pós-Golpe!
publicado
11/06/2018
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O Conversa Afiada publica a nova edição do Correio Saturnino, do ex-Senador Saturnino Braga:
Projeto para o novo Brasil
Sim, vamos ter eleições presidenciais este ano e o nosso candidato vai sair vitorioso. A greve dos caminhoneiros cessou, o governo Temer acabou, o novo golpe do parlamentarismo foi arquivado, os militares não intervieram (e se tivessem intervindo teria sido para garantir as eleições). Teremos, então, eleições. Capengas, se Lula não puder ser candidato, mas haverá um histórico e decisivo pronunciamento popular, no qual a presença de Lula, de qualquer maneira, será dominante. E, neste pronunciamento, certamente, os golpistas sairão derrotados, mais que derrotados: amarrotados! Nada mais importante e oportuno, por conseguinte, do que discutir intensamente o projeto do Brasil Pós-Golpe.
Prognósticos variam quase de dia para dia. E hoje, no dia 10 de junho, eu acho que Lula vai ser candidato: os golpistas brasileiros, políticos, que se aproveitaram do esquema da CIA para derrubar a Dilma e o PT, quebraram a cara, e estão arrependidos. Estão preferindo a volta do Lula, que é um político de grande envergadura, é um líder maior que eles conhecem bem, não é um perseguidor, é um cara razoável, que tem objetivos bem explícitos mas conversa, é melhor o Lula do que um outro que eles não sabem bem o que vai fazer. Este sentimento deles está emergindo e vai crescer.
Por tudo isto, além de muitas coisas mais, é imprescindível, é importantíssimo, discutir o Brasil pós-golpe.
Pois o Clube de Engenharia está fazendo isto: acaba de realizar debates interessantíssimos sobre os temas que devem pautar este Projeto: a Democracia, a Soberania, o Desenvolvimento Econômico e a Questão Social. O DIEESE e a Fundação Perseu Abramo realizam neste fim de semana um interessantíssimo curso-debate sobre o tema; e o Centro Celso Furtado dedicará seu Congresso de agosto ao debate sobre o Brasil e a nova Revolução Industrial.
Bresser Pereira e um grande grupo que o acompanha, quase que só tem feito isto, com sua reconhecida competência.
Que outras instituições desenvolvimentistas trabalhem e discutam o assunto maior é o que queremos, é o que nosso Brasil está precisando com urgência.
Sim, o cataclismo foi profundamente destrutivo, atingiu duramente os pontos-chave do nosso desenvolvimento, a Petrobras, as grandes empresas de engenharia, a Eletrobras e o sistema de distribuição de energia, o BNDES, a política salarial, e a moral do nosso povo!. O golpe foi projetado com precisão para a obtenção deste objetivo: jogar na sarjeta o Brasil que crescia e aparecia altaneiro no mundo.
Entretanto, entretanto o nosso Querido Brasil não morreu; e, mais: sairá bem machucado porém mais forte, porque mais consciente depois desta surra.
Bem consciente desta realidade: não somos apenas subdesenvolvidos, de economia dependente; somos um País politicamente dominado, sem a condição de uma completa soberania para desenvolver livremente um projeto nacional. O reconhecimento desta condição é essencial, fundamental para a discussão e elaboração de uma diretriz política verdadeiramente brasileira e politicamente viável, traçada sobre a linha dos interesses genuinamente brasileiros, levadas em consideração a enorme força do Grande Capital que pretende continuar nos comandando e as diversas outras forças da geopolítica de hoje.
Sem ódios nem rancores: o reconhecimento desta dominação não deve suscitar sentimentos contrários ao povo e à nação dominante; que segue o caminho dos seus interesses próprios, das suas visões de mundo, dos seus sentimentos de destino manifesto e de outras revelações. Eles são eles, devemos respeitar seus sentimentos, e nós somos nós, brasileiros, que desejamos realizar nossos ideais nacionais, e que precisamos conquistar definitivamente uma soberania que viabilize nosso próprio Projeto.
Esta será uma conquista política, de firmeza e perseverança, de inteligência e de agudeza, de diálogo e de razão comunicativa. O Brasil tem as qualificações para voltar a crescer no mundo por este caminho e se afirmar não como potência militar, nem como potência do PIB, mas como Potência da Paz, que é o maior anseio do mundo de hoje.