'Se for necessário prender 100 mil, qual o problema?', diz Eduardo Bolsonaro
Por Marcelo Godoy, do Estadão:
O deputado federal e líder do PSL na Câmara, Eduardo Bolsonaro, de 34 anos, devia acompanhar o pai, o presidente eleito Jair Bolsonaro, em sua primeira visita ao Supremo Tribunal Federal (STF). Era manhã de quarta-feira. O apartamento funcional ainda guardava as marcas na mesa da primeira reunião da equipe de transição ocorrida na noite anterior.
Reeleito com 1,8 milhão de votos em São Paulo - o mais bem votado da história da Câmara -, o filho do presidente defendeu a tipificação como terrorismo dos atos do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) um dia depois do futuro ministro da Justiça, Sergio Moro, mostrar sua discordância sobre o tema. "Se fosse necessário prender 100 mil pessoas, qual o problema nisso?" Também disse querer criminalizar o comunismo no País, a exemplo da Polônia, da Ucrânia e da Indonésia.
Eduardo Bolsonaro defende idade mínima para a aposentadoria diferente entre trabalhadores braçais e de escritório. E quer aprovar o projeto Escola Sem Partido, além de propor uma Constituinte exclusiva para a reforma política. Não descarta ser candidato a prefeito ou governador de São Paulo.
A indicação de Sérgio Moro para Pasta da Justiça não dá munição ao PT para o discurso de que Lula foi perseguido?
Não vejo nenhuma uma perseguição ao PT. Ele condenou gente de todos os partidos. Nós não temos essa preocupação, pois eles sempre vão criticar. A crítica fundada ou infundada vai sempre ser constante. Moro virou símbolo de combate à corrupção. Ele tem curso em Harvard, é juiz de carreira - o que está de acordo com a proposta de Jair Bolsonaro de que nomearia pessoas técnicas para os ministérios. Então, não tem nada de errado. Se sair pela rua perguntando se o Moro tem todas as qualificações para ser ministro da Justiça, a maioria vai dizer que sim. Até porque ninguém vai saber quem foram os últimos ministros. (...)
Quando se fala do Moro, o Moro não é um personagem tão grande que pode fazer sombra ao presidente eleito?
Ele não se preocupa com vaidade. Se preocupa com o que é melhor para o Brasil. E o Moro tem, além do simbolismo, ele tem total competência para pôr em prática o combate á corrupção, que é o que minha geração mais abomina. O Moro vai fechar a torneira da corrupção. Ele falou em retomar as dez medidas de combate à corrupção. Vai haver um esforço grande no próximo ano para aprovar isso.
São agora 70 medidas...
Quantas forem necessárias
Uma delas, a 29, estabelece quarentena para ministro da Justiça entrar no Supremo. Ele deve esperar quatro anos após deixar o cargo para ser nomeados para o Supremo.
A se debater.
Se ela for aplicada, o Moro não vai para o Supremo...
Cabe um estudo, fazer audiências públicas para analisar. Se for o caso , sim, por que não?
O PT sempre foi criticado por ter radicais e agora o PSL começa a ouvir as mesmas críticas...
Por exemplo, quem?
Existem propostas que foram defendidas, inclusive pelo senhor, como a criminalização do comunismo?
Ué, o nazismo é criminalizado.
Mas isso excluiria imediatamente dois partidos políticos, que seriam colocados fora da lei. Isso não entraria em atrito com a liberdade estabelecida Constituição?
E ela vai continuar estabelecendo.
Esse tipo de proposta iria adiante ou faz parte dao passado como retórica de campanha?
Não. É uma proposta que eu gostaria que fosse adiante, mas que depende de renovação do Congresso Nacional. É seguir o exemplo de países democráticos, como a Polônia, que já sofreu na pele o que é o comunismo. Se você for na Ucrânia também falar de comunismo, o pessoal vai ficar revoltado contigo. Outro países também proibiram, como a Indonésia. Então, você começa a perceber que não é algo tão radical assim, que existe em alguns países. E, de certa formas evita que as pessoas tenham de pagar com suas vidas aquilo que o passado já condenou. (...)