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Se Lula for condenado definitivamente, Haddad não o indultará

Declaração à CBN foi em resposta a Fernando Pimentel
publicado 18/09/2018
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A propósito da entrevista que Fernando Haddad, o candidato do PT à presidência, concedeu nesta terça-feira 18/IX à CBN (a rádio que troca notícia) e ao Portal G1 - em que enfiou um ataque à Globo na goela da Globo - , o Conversa Afiada reproduz em texto um trecho particularmente relevante, em que Haddad rejeita a possibilidade de oferecer indulto ao Presidente Lula:

Renato Franzini: vamos voltar para um tema que não acaba, que vem e volta. Que é a questão do indulto ao Lula...

Haddad:... vem e volta pela mão de vocês, porque eu já dei 10 vezes a mesma resposta...

Renato Franzini: eu quero falar uma frase aqui que não é da nossa mão. É do Fernando Pimentel, que é Governador de Minas Gerais. A frase dele é a seguinte: "vamos eleger Haddad Presidente da República e eu tenho certeza de que, eleito, o Haddad irá assinar no seu primeiro dia de Governo um indulto para o Presidente Lula e irá tirá-lo dessa prisão injusta e arbitrária". Uma questão direta: o senhor, se eleito, vai conceder indulto ao Presidente Lula?

Haddad: olha, ontem eu estive com o Presidente Lula. Uma das coisas que eu estou trabalhando até hoje com um grupo de advogados é a defesa dele nos fóruns internacionais. Ontem eu levei a notícia para ele de que provavelmente a ONU deve julgar o mérito do seu processo no primeiro semestre do ano que vem. O Lula está trabalhando a declaração de inocência dele no caso da condenação, tanto nos tribunais superiores do Brasil, quanto nos fóruns internacionais. O Lula está recebendo a solidariedade de dezenas de chefes de Estado, dezenas. Eu próprio estive com o Lula em Curitiba com vários chefes de Estado, chefes de Governo, ex-Presidentes de parlamento, personalidades do mundo inteiro. O Lula não vai abrir mão da defesa da sua inocência. E ele é o primeiro a dizer: "eu não quero favor. Eu quero que os tribunais brasileiros e os fóruns internacionais reconheçam que eu fui vítima de um erro judiciário"...

Milton Jung: isso nos faz entender que o senhor está dizendo...

Haddad: que não.

Milton Jung: que não haverá o indulto...

Débora Freitas: mesmo que ele não seja absolvido?

Haddad: isso não está em pauta. O Fernando Pimentel está concorrendo ao Governo de Minas. Eu espero que ele seja eleito. Mas ele não tem a prerrogativa de dar ou não dar. É o Presidente da República...

Milton Jung: o senhor chegou a falar com ele depois dessa afirmação?

Haddad: não. Nem antes, nem depois. Eu não conversei sobre isso com ninguém a não ser com o Presidente Lula, provocado pela imprensa.

Milton Jung: e o senhor autoriza algum representante do PT a falar desta maneira em seu nome?

Haddad: não.

Milton Jung: então o senhor não autoriza Fernando Pimentel a dizer o que disse?

Haddad: pode ser que ele tenha o desejo de que isso aconteça, mas acontece que eu nunca conversei com ele sobre isso. Aliás, detalhe: eu nunca conversei com ninguém do PT. A única pessoa com quem eu conversei sobre isso, provocado pela imprensa (porque a imprensa começou a perguntar para todos os candidatos por conta própria)...

Renato Franzini: mas não é o nosso caso aqui. A gente está citando uma frase do Pimentel...

Haddad: mas eu estou dizendo por que conversei com o Lula sobre isso, para não dizerem "ah, então você já conversou com ele?". Porque tem muita malícia no noticiário. Por que eu conversei com o Lula sobre isso? Porque parte da imprensa - não estou dizendo que foram vocês - começou a perguntar para todos os candidatos quais dariam ou não o indulto. E isso chegou ao conhecimento dele porque ele lê jornais. Aí falei com ele: "Presidente, o senhor está vendo esse debate?". E ele mandou um bilhete para ser lido para o país inteiro e mandou uma carta para o Tribunal Superior Eleitoral, lida para 5 mil pessoas em Brasília, por ocasião do registro da sua candidatura. Acho que mais objetivo que isso...

Renato Franzini: não, tem uma questão: o senhor fala que vai recorrer, que espera que o Lula seja inocentado. Mas tem duas hipóteses. A hipótese número 1 é de ele ser inocentado. A hipótese número 2: e se ele não é? O que acontece? Porque não é uma questão nossa, é uma questão do eleitor. O eleitor está levando isso em conta na hora de votar.

Haddad: sabe o que eu considero muito grave? É que nós sempre consideramos, desde antes da primeira sentença, que o Lula está condenado.

Milton Jung: mas é que são duas hipóteses objetivas. Pode ser confirmada a condenação em última instância ou não. Se não for confirmada, ou se for confirmada e ele continuar com a punição. Isso é objetivo...

Haddad: eu, como cidadão, vou me manter na campanha pela liberdade do Presidente porque eu considero, eu li o processo...

Milton Jung: isso o senhor disse claramente. Mas a pergunta objetiva é a seguinte: se...

Haddad: não.

Milton Jung: se for mantida a punição...

Haddad: a resposta é não.

Milton Jung: é não o quê?

Haddad: é não.

Milton Jung: não para o quê, só para que eu entenda? Não ao indulto?

Haddad: não ao indulto.

Milton Jung: Não ao indulto. Perfeito.

Renato Franzini: caso ele seja solto, o senhor transforma Lula em Ministro?

Haddad: olha, eu acho muito pequena essa pergunta para um cara da estatura do Lula, sinceramente. O Lula só aceitou ser Ministro da Casa Civil porque a gente estava prevendo que um Golpe de Estado aconteceria, como aconteceu. Na minha opinião, o que aconteceu em 2016 foi um Golpe.