Trabalhador quer sacudir o partido dos trabalhadores
Trabalhador quer o partido de volta
No Encontro de Sindicalistas do PT, realizado nesta sexta-feira (27) em São Paulo, o presidente da Confederação Sindical Internacional e dirigente da CUT, João Felício, ressaltou a importância de o PT mudar.
"O encontro não é para estabelecer disputa partidária, é para ajudar o partido a sair da crise. Muitos usaram o partido para se eleger e, agora, na crise, estão dando tchau. Nós não vamos fazer isso. Queremos que o partido volte a ter 30% de preferência partidária. Ajudar o PT a sair dessa conjuntura extremamente difícil em que nos encontramos", destacou.
Felício deixou claro que a participação dos sindicatos será essencial para esse processo. "Ano que vem faremos encontros estaduais com lideranças nacionais. Queremos que a massa de sindicatos cutistas do PT participe desse processo de luta, de mobilização. Precisamos fazer, através da nossa pressão política, as mudanças que precisamos fazer", disse.
O presidente da CSI criticou a política econômica e o próprio PT. "A gente precisa resgatar uma nova política econômica para o Brasil. A forma como o PT vem sendo conduzido fragiliza o partido", ressaltou.
João Felício esclareceu que o objetivo não é derrubar a atual diretoria do PT e, sim, fortalecer o partido com as característica de sua fundação.
O presidente do PT, Rui Falcão, também incentivou o envolvimento dos movimentos sociais no partido. "A participação de vocês é muito importante nesse momento difícil em que o PT está sob forte ataque. O ataque da oposição - entre elas, a mídia - mira Dilma, com a tentativa de impeachment, tenta atingir Lula e derrubar sua popularidade e, por último, o PT. O alvo é um só: derrotar nosso projeto e impedir uma candidatura de Lula em 2018. A candidatura ainda não está definida. Lula não apresentou sua candidatura, até porque para chegar a 2018 precisamos passar por 2016", declarou Rui Falcão.
Abaixo, o documento da CUT:
Defender as Conquistas Sociais e a Classe Trabalhadora
Neste final de 2015, primeiro ano de um segundo mandato conquistado por Dilma Roussef do PT, reeleita graças ao engajamento do movimento sindical e popular, em particular no 2º turno das eleições presidenciais de 2014, no combate ao retrocesso e para aprofundar as reformas populares, estamos diante de uma crise política e econômica que impacta o Brasil e o nosso partido.
O resultado é que fecharemos o ano com altas taxas de desemprego (chegando a 20% entre os jovens de 18 a 24 anos), retração da atividade econômica (crescimento negativo do PIB) e uma ofensiva das classes dominantes – utilizando o Judiciário, a grande mídia, partidos de oposição e inclusive da coalizão de governo – para destruir o nosso partido, construído para dar voz à classe trabalhadora. Isso para não falar das ansiadas reformas populares (reforma política democrática, agrária, urbana, tributária, democratização dos meios de comunicação), que seguem bloqueadas pelo Congresso mais conservador desde o final da ditadura militar.
O manifesto dos sindicalistas ao congresso do PT já alertava que:
“Consideramos que a política de ajuste fiscal regressivo e recessivo inaugurada com a nomeação de Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda coloca o PT contra a classe trabalhadora e as camadas populares que sempre foram sua principal base de apoio. Trata-se de uma política econômica que diminui o papel do Estado, corta investimentos e eleva juros, acabando por restringir direitos sociais, rebaixar salários e aumentar o desemprego, com impactos negativos no PIB.
Sabemos o que ocorreu na história recente com partidos de esquerda que aplicaram políticas de ajuste fiscal inspiradas pelo FMI, como se viu em alguns países da Europa: entraram em crise, foram derrotados em eleições, perderam sua base social. Não queremos que o mesmo aconteça com o PT! “
É mais que urgente mudar de política econômica
Se não houver uma mudança urgente da atual política econômica, os estragos que ela já fez não serão recuperados a tempo de impedir um desastre ainda maior para a nação e para o futuro de nosso partido. É hora de retomar um diálogo positivo com a base social que garantiu a nossa vitória eleitoral de 2014 e com as organizações de luta de nosso povo que a representam.
Nós sabemos que não é apenas nossa a preocupação de mudar o rumo do governo que ajudamos a eleger. Centenas de economistas, intelectuais, artistas, lideranças dos movimentos populares e da juventude, vêm se pronunciando no mesmo sentido. Precisamos concentrar esforços na unificação das “Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, contra a direita e por mais direitos”, por uma nova política econômica.
Mas 2015 está se encerrando com o mundo acompanhando o Crime Ambiental de Mariana (MG),também com a luta dos estudantes secundaristas e professores contra o governo Alckmin (SP), para manter as escolas funcionando, com a greve dos bancários que arrancaram reivindicações e defenderam seus salários, a greve dos petroleiros em defesa da Petrobras e do Pré-sal para a nação, a Marcha das Mulheres Negras e a mobilização das mulheres exigindo “Fora Cunha”, de outras inúmeras mobilizações dos trabalhadores em Educação em todo o país e de greves em defesa de salários, emprego e direitos ameaçados pela política de ajuste fiscal que só beneficia banqueiros e especuladores, demonstrando que a classe trabalhadora e os setores populares estão em luta!
“É preciso que o PT afirme a necessidade de o Estado atuar a favor do crescimento, é necessário reduzir a taxa de juros, fazer com que as tarifas públicas contribuam para a queda da inflação e implementar programas governamentais de incentivo à atividade produtiva. O sistema tributário deve ser progressivo, taxando grandes fortunas e heranças, com uma reforma que desonere salários, taxe lucros, dividendos e ganhos com a especulação financeira, ao mesmo tempo que se estimule o aumento de renda dos mais pobre.. Enfim, uma agenda política positiva, que tenha no centro a valorização do trabalho, com uma política econômica anti-neoliberal que implica a democratização do Estado e a realização de reformas estruturais”.
Os sindicalistas petistas reunidos em 27 de novembro em São Paulo, queremos que 2016 seja o ano da virada, seja na situação econômica, seja na situação política. Não temos outra intenção a não ser a de ajudar a classe trabalhadora e o seu partido histórico, o nosso PT, a superar a aguda crise em que se encontra e reafirmamos a nossa disposição em assumir as nossas responsabilidades nessa luta.
“Desde a campanha eleitoral de 2014, nossos adversários escolheram as investigações da chamada “Operação Lava Jato” para insistir em criminalizar o PT. Repetindo o método do mensalão, tentam atribuir ao PT – e exclusivamente ao PT – os crimes de bandidos confessos, vinculados a diversos partidos, inclusive da oposição que agiam impunemente há décadas e hoje negociam depoimentos em troca de benefícios, sem apresentar provas do que dizem”. (Cartilha em Defesa do PT).
“Só sairemos dessa crise se retomarmos a nossa tradição de partido da classe trabalhadora, e organização da militância para a luta social e política” (manifesto de junho).
Resolvemos, neste sentido, constituir uma Coordenação de Sindicalistas Petistas que, trabalhando em colaboração com o setorial sindical do PT, ajude na ampliação da nossa participação na vida e nas instâncias partidárias para ter “o PT de volta para a classe trabalhadora”.
São Paulo, 27 de novembro de 2015