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Traíra Cristovam volta a defender a "reforma trabalhista" de Temer

Ele acha que o Brasil de Temer ainda era uma "República dos Sonhos"
publicado 28/01/2020
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(Reprodução/Redes Sociais)

Trecho de entrevista concedida pelo trаíra Cristovam Buarque a Rodrigo Ratier, no Ecoa do UOL.

(…) O senhor chama a fase da República que vai de 1992 a 2018 de democrático-progressista ou “República dos Sonhos”. O que houve de democrático, progressista ou sonho no governo Temer?

O que caracteriza os cinco presidentes do período [Itamar, FHC, Lula, Dilma e Temer] é que todos eles lutaram contra a ditadura. Eles têm idéias progressistas em relação aos costumes e defendem um certo nível de atendimento social. O Temer continuou todos os projetos sociais. Você pode dizer que, do ponto de vista econômico, ele era neoliberal. Mas o [Henrique] Meirelles foi ministro da economia com o Temer e presidente do Banco Central com o Lula. A política econômica foi a mesma, salvo durante alguns anos da Dilma em que houve um relaxamento do equilíbrio fiscal. Temer era vice da Dilma. Fazia parte desse bloco. Duas vezes foram pedir voto dizendo que ele era um homem preparadíssimo para assumir a Presidência da República. 

Mas o senhor não considera que houve uma inflexão do governo Dilma para o governo Temer? A reforma trabalhista, por exemplo. Os críticos vão dizer que retirou direitos dos trabalhadores.

Descrevo no livro um erro que chamo de “horror às reformas”. A realidade as exige. O mundo mudou. Com a globalização, nenhum país hoje tem o poder de mexer na economia como quiser. Nenhum. Nem salário, nem taxa de juros, nós estamos todos ligados internacionalmente. Não se pode ficar com uma lei trabalhista de 1942. Não se pode ignorar a automação, a robótica, a inteligência artificial. E tem de ter reformas. Não fizemos antes [a reforma trabalhista] por causa de outro erro: ficamos prisioneiros das corporações. Em vez de fazer o que o povo precisava para o futuro, fizemos o que os sindicatos queriam. Só que sindicato não defende o povo, defende trabalhador associado. Quem defende o povo são os partidos, não os sindicatos. 

Pensando no conjunto das reformas Previdenciária e Trabalhista, a conta foi dividida de forma justa? Houve combate a privilégios?

Nós não tocamos em privilégios nem em mordomias. Mas deixar como estava seria pior. Por exemplo: o trabalho intermitente. Não é uma coisa que a gente queira, mas não trazer essa possibilidade no mundo de hoje não é viável. Não somos a Coreia do Norte. Lá, eles fazem a política trabalhista que quiserem. Nós não podemos, porque aqui, se a gente começar a ter mecanismos que fazem o trabalho muito caro numa empresa, ela vai para o Paraguai ou até para a China. E nós não temos como impedir.

(…)

Qual o maior erro do grupo que o senhor chama de democrático-progressista?

O maior erro nosso foi não ter uma utopia, não ter uma proposta de longo prazo. Nós perdemos a eleição e não deixamos uma bandeira. Além de tirar o Bolsonaro, qual é a nossa bandeira? Voltar à Previdência de antes? Voltar às leis trabalhistas de antes? Antigamente, era estatizar a economia. Não é mais. Era igualdade plena. Não é mais. Pra mim, a bandeira nossa, dos progressistas, deveria ser: a escola brasileira será tão boa quanto a melhor do mundo e o filho do trabalhador mais pobre estudará numa escola tão boa quanto o filho do capitalista mais rico.

(…)

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