Wadih e o "vamos conversar" do Lula
Lula pensa a Política de forma superior e transcendente
O Conversa Afiada reproduz gentil resposta de Wadih Damous à pergunta: "como explicar o Lula?"
A exortação de Lula “vamos conversar” dirigida a Michel Temer e Fernando Henrique Cardoso, no hospital onde acompanhava os últimos momentos de D. Marisa, já se tornou objeto de controvérsias.
Alguns amigos meus, simpatizantes do ex-presidente, chegaram a me confidenciar críticas a essa atitude: “poxa, o Lula não se emenda” , querendo dizer que ele não consegue abandonar um pragmatismo que já lhe rendeu – e a nós – diversos dissabores.
Como interpretar a atitude do presidente?
Embora estivesse no hospital, não presenciei o diálogo, do qual só soube pela imprensa. Farei, portanto, algumas especulações.
Pode ter sido mera força de expressão, dessas banalidades ditas do cotidiano, quando encontramos alguém: “me liga”, “vamos bater um papo qualquer dia desses” etc. Não traduziria uma real intenção de “conversar”.
Ou não.
Pode ter expressado um consenso de que a Política está sob a tutela usurpadora por parte do Judiciário e do Ministério Público e é preciso que volte a se impor.
Ou de que a Política virou um cenário de guerra e é necessário ser repactuada.
Ao contrário dos outros interlocutores, Lula pensa a Política de forma superior e transcendente, além de não guardar ódio no coração.
Torço para que a intenção do “vamos conversar” tenha sido essa.
Wadih Damous, deputado federal pelo PT do Rio
e ex-presidente da OAB do Rio