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Wadih e os canalhas: ou desistiram da reeleição

Ou acham que o eleitor não tem memória
publicado 03/08/2017
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O Conversa Afiada publica, aqui, artigo de Wadih Damous, deputado federal (PT-RJ) e ex-presidente da OAB-RJ:

Deputados da base de Temer cometem suicídio político


Mais uma vez a maioria dos integrantes da Câmara dos Deputados tomou uma decisão de costas para o povo brasileiro. A despeito de todas as pesquisas indicarem que os eleitores cobravam a autorização da Câmara para que o STF examinasse a denúncia de corrupção passiva contra Temer apresentado pela PGR, 263 deputados votaram a favor do arquivamento da denúncia, optando por manter o Brasil governado pelo crime organizado.

Transformando a Câmara no mais escandaloso balcão de negócios da história republicana, com a liberação de R$ 17 bilhões a título de emendas, além de distribuição de cargos e toda sorte de favores para prefeituras e governos estaduais, Temer conquistou uma sobrevida às custas do erário, às custas dos milhões de brasileiros que vivem o drama do desemprego, da falta de atendimento de saúde, de educação de qualidade, de habitação e de terra para plantar e produzir.

Em cena explícita de imoralidade, o deputado tucano Antonio Imbassahy, ministro exonerado por Temer para reassumir seu mandato e votar pela rejeição da denúncia, chegou a circular pelo plenário da Câmara de posse de uma planilha com os valores das emendas a serem liberadas pelo governo caso os deputados ajudassem a salvar o usurpador da degola.

Nem mesmo um dado impressionante captado pelo último levantamento do Ibope, segundo o qual 81% dos brasileiros e brasileiras passariam a enxergar como cúmplices da corrupção os parlamentares que se alinhassem à operação para salvar o pescoço do presidente ilegítimo, foi capaz de constranger suas excelências.

A propósito, afrontar o povo retirando-lhe direitos e conquistas sociais, econômicas, políticas, e até civilizatórias, é o traço marcante do Congresso Nacional pós-golpe de estado. Foi assim no congelamento dos gastos sociais por 20 anos, no fim do regime de partilha do petróleo e na entrega do pré-sal aos estrangeiros, na terceirização irrestrita e na reforma trabalhista que sepultou a Consolidação das Leis do Trabalho.

Cabe lembrar que durante o período que essas matérias tramitaram tanto na Câmara como no Senado várias pesquisas realizadas pelos principais institutos também mostraram uma forte rejeição da população a essas propostas do governo golpista. E todas foram aprovadas por quem se elege pelo voto popular e que, portanto, deveria zelar pelos interesses do povo.

Mas o que estaria, então, por trás dessa postura desafiadora da soberania popular por parte dos deputados e senadores da base aliada do golpista Temer? Como entender o desdém por suas imagens públicas, quando se aproxima o momento de encarar o eleitor frente a frente, olhos nos olhos, para pedir-lhes seu voto para a renovação do mandato?

Fica a impressão de que uma parte dos parlamentares já abdicou do projeto reeleição, preferindo se locupletar nas negociatas da era Temer. Outra parcela aposta na rala memória do eleitor, no voto fisiológico, na compra de votos ou no apoio do mercado e do monopólio da mídia. Eles que se preparem para uma profunda decepção.