Wanderley: Golpista não tem saída para a crise
Nao me venham falar mal da Dilma!
publicado
21/03/2016
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O Conversa Afiada reproduz do Segunda Opinião uma aula magna do professor Wanderley Guilherme dos Santos:
OS SÓCIOS DA CRISE
Virou senha de cidadão bem pensante comentar política iniciando com críticas ao governo Dilma Rousseff. Pois bem, a crise aqui instalada não resultou de ideológica "nova matriz econômica", de existência restrita aos discursos do governo e da oposição. Batiam boca sobre a mesma versão do mundo. Enquanto isso, no primeiro mandato, o governo lançava ambicioso projeto de investimento em áreas estratégicas da infraestrutura, recebendo entusiásticos aplausos da FIESP. Idem em relação à agricultura, então com apoio parlamentar da presidente da Confederação Nacional da Agricultura, atual ministra Katia de Abreu. Foram anunciados e defendidos às claras pelo governo como medidas destinadas a garantir emprego e crescimento em cenário internacional altamente adverso. Centrais sindicais e pessoas gradas manifestaram irrestrita solidariedade ao governo, e se havia queixa, neste lado, era quanto ao que estimavam timidez das iniciativas. Gostariam do mesmo, só que em doses mais elevadas. A invariável resposta governamental mencionava a necessidade de atentar para as contas públicas e os riscos inflacionários. Esta Segunda Opinião ficaria muito surpresa se demonstrassem o contrário, mas de modo mais convincente do que os grampos do juiz Sergio Moro.
Um dos instrumentos lançados, a renúncia fiscal, foi fantástico sucesso de crítica e de público. A expectativa governamental centrava-se na criação de folga para redução de preços, sustentando o mercado interno e, portanto, o nível de emprego, e talvez residual aumento na taxa de investimento. Sendo o nosso empresariado o que é, não houve uma coisa nem outra, somente a engorda da taxa de lucro, o que, somado ao crédito relativamente fácil (outra política pública canonizada pelo sistema bancário), contribuiu decisivamente para o endividamento atual das famílias. É primário reconhecer que o comprometimento dos orçamentos familiares não se encontraria no elevado patamar atual, houvesse sido a política bem sucedida. Qual foi o parceiro que roubou no jogo?
Exemplos não faltariam, mas é necessário registrar que a oposição não deixou de combater todas as iniciativas do governo, sempre, como é de praxe, prevendo que fracassariam, piorando a situação econômica do País. Contava com excepcional aliada, que garantiam estar superada: a grave crise internacional que, desde 2008, devora reputações de políticos e de brilhantes economistas, administradores, executivos e burocratas do setor público e do setor privado. Basta assumir posição de responsabilidade; não é casual que a taxa de substituição de governos e de executivos nos grandes conglomerados privados nunca, ao que parece, tenha sido tão elevada. Os novos não costumam esquentar as cadeiras, contudo.
Por aqui gritava a oposição por ortodoxia, a mesma que desmontou as sociais-democracias nórdicas, criou um mercado de trabalho de segunda classe na Alemanha, mantem a Inglaterra, a França e a Itália na corda bamba, desmoralizando sucessivos governos, e paralisa o FED, banco central americano, que simplesmente não sabe se aumenta ou não aumenta os juros. Ninguém faz ideia do que está por vir. Não obstante, face a dificuldades internas crescentes e cenário internacional instável ( eis que a China, plaft, levou um tombo, apavorando nada menos do que os Estados Unidos) a oposição, no mundo da lua, continuava em samba de uma nota só: ortodoxia. E o que foi o Joaquim senão a oposição em versão educada? O que tem a oposição a oferecer se não mais, muito, muito mais do mesmo? Dispensada a empáfia faminta por poder dos economistas entrevistáveis, o que resta do blá, blá, blá? Nada que não tenha sido feito. Ou seja, o agravamento da situação econômica do País não resultou de desmesurada incompetência de Dilma Rousseff, nem dos ridículos desvios de função listados na lamentável, errada e medíocre nota da OAB-federal, mas da ineficácia das políticas de inclinação keynesiana, mais o avassalador fracasso da política ortodoxa do primeiro ano do segundo mandato e, fique claro como crime antipopular, a sabotagem sistemática da oposição ao governo e sua propaganda subversiva de quebra da normalidade democrática.
Não me venham falar em crítica de Dilma Rousseff que ainda não tenho tempo para isso. É necessário derrotar os que querem derrubar ilegalmente o governo para que possamos discutir com boa fé e humildade como o ajudamos a encontrar alternativas à grande crise a que o voraz capitalismo financeiro levou o mundo. Isso não é tarefa para golpistas.
Um dos instrumentos lançados, a renúncia fiscal, foi fantástico sucesso de crítica e de público. A expectativa governamental centrava-se na criação de folga para redução de preços, sustentando o mercado interno e, portanto, o nível de emprego, e talvez residual aumento na taxa de investimento. Sendo o nosso empresariado o que é, não houve uma coisa nem outra, somente a engorda da taxa de lucro, o que, somado ao crédito relativamente fácil (outra política pública canonizada pelo sistema bancário), contribuiu decisivamente para o endividamento atual das famílias. É primário reconhecer que o comprometimento dos orçamentos familiares não se encontraria no elevado patamar atual, houvesse sido a política bem sucedida. Qual foi o parceiro que roubou no jogo?
Exemplos não faltariam, mas é necessário registrar que a oposição não deixou de combater todas as iniciativas do governo, sempre, como é de praxe, prevendo que fracassariam, piorando a situação econômica do País. Contava com excepcional aliada, que garantiam estar superada: a grave crise internacional que, desde 2008, devora reputações de políticos e de brilhantes economistas, administradores, executivos e burocratas do setor público e do setor privado. Basta assumir posição de responsabilidade; não é casual que a taxa de substituição de governos e de executivos nos grandes conglomerados privados nunca, ao que parece, tenha sido tão elevada. Os novos não costumam esquentar as cadeiras, contudo.
Por aqui gritava a oposição por ortodoxia, a mesma que desmontou as sociais-democracias nórdicas, criou um mercado de trabalho de segunda classe na Alemanha, mantem a Inglaterra, a França e a Itália na corda bamba, desmoralizando sucessivos governos, e paralisa o FED, banco central americano, que simplesmente não sabe se aumenta ou não aumenta os juros. Ninguém faz ideia do que está por vir. Não obstante, face a dificuldades internas crescentes e cenário internacional instável ( eis que a China, plaft, levou um tombo, apavorando nada menos do que os Estados Unidos) a oposição, no mundo da lua, continuava em samba de uma nota só: ortodoxia. E o que foi o Joaquim senão a oposição em versão educada? O que tem a oposição a oferecer se não mais, muito, muito mais do mesmo? Dispensada a empáfia faminta por poder dos economistas entrevistáveis, o que resta do blá, blá, blá? Nada que não tenha sido feito. Ou seja, o agravamento da situação econômica do País não resultou de desmesurada incompetência de Dilma Rousseff, nem dos ridículos desvios de função listados na lamentável, errada e medíocre nota da OAB-federal, mas da ineficácia das políticas de inclinação keynesiana, mais o avassalador fracasso da política ortodoxa do primeiro ano do segundo mandato e, fique claro como crime antipopular, a sabotagem sistemática da oposição ao governo e sua propaganda subversiva de quebra da normalidade democrática.
Não me venham falar em crítica de Dilma Rousseff que ainda não tenho tempo para isso. É necessário derrotar os que querem derrubar ilegalmente o governo para que possamos discutir com boa fé e humildade como o ajudamos a encontrar alternativas à grande crise a que o voraz capitalismo financeiro levou o mundo. Isso não é tarefa para golpistas.