PM de Alckmin prende até repórter
Tile de embed Estudantes protestavam na Paulista contra fechamento de 150 escolas por Alckmin
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No Viomundo:
Estudantes protestam na Paulista contra fechamento de 150 escolas por Alckmin; repórter do Viomundo pergunta sobre motivo de prisão… e é preso pela PM; veja o vídeo
publicado em 09 de outubro de 2015 às 16:44
Ameaça de fechamento de 150 escolas leva milhares de adolescentes às ruas em todo o Estado contra a decisão de Alckmin de “reorganizar” a educação
por Cinthia Rodrigues, em CartaCapital — publicado 09/10/2015 12h55, última modificação 09/10/2015 16h43
O cinegrafista independente Caio Castor foi detido pela Polícia Militar do Estado de São Paulo na manhã desta sexta-feira 9 de outubro quando fazia a cobertura do protesto dos estudantes secundaristas na avenida Paulista, contra o fechamento de 150 escolas pelo governo Geraldo Alckmin. Caio fazia a cobertura para o site Viomundo, de Luiz Carlos Azenha quando foi detido e teve sua câmera quebrada.
Há uma semana, estudantes de ensino médio da rede estadual paulista fazem dezenas de protestos contra uma reorganização escolar anunciado pelo Governo de Geraldo Alckmin (PSDB) que deve resultar no fechamento de escolas. Pelas redes sociais, o número de vídeos, fotos e ações agrupadas no movimento “Não fechem minha escola” é muito maior. O anúncio oficial de quais escolas terão as atividades interrompidas está previsto para o próximo dia 14 de novembro.
Nesta sexta-feira estudantes foram às ruas em dezenas de cidades do Estado. Na capital, cerca de 5 mil estudantes, segundo a organização, se reuniram na avenida Paulista (a PM não fez estimativa).
No final de setembro, o secretário de Educação do Estado, Herman Voorwald, anunciou que em 2016 as escolas serão reorganizadas para que mais escolas atendam apenas uma etapa de ensino entre as três que a rede contempla: Fundamental 1 (1º ao 5º ano), Fundamental 2 (6º ao 9º ano) e Ensino Médio. A justificativa do governo é que, com isso, as unidades se concentrariam em qualidade para cada idade.
As diretorias regionais de ensino, no entanto, receberam um documento com a reorganização prevista no qual estava a informação sobre o fechamento de unidades, muitas das com salas lotadas.
Circula uma lista, montadas pelo sindicato dos professores (Apeoesp) com 150 escolas ameaçadas, o equivalente a 3% de toda a rede. Professores e estudantes acreditam que a medida visa cortar gastos.
“Economize seus luxos, da Educação não dá para tirar mais nada”, dizia uma faixa no protesto de Penápolis, interior do Estado. “Aqui estou, aqui eu vou ficar, da minha escola, ninguém vai me tirar”, dizia um refrão gritado por centenas e gravado na Penha, enquanto outros estudantes marchavam por São Bernardo do Campo, Indaiatuba, Ribeirão Preto, Taboão da Serra, Osasco, Hortolândia e vários bairros da capital paulista.
A Secretaria de Estado admite que instituições com outras escolas a até 1,5 quilômetro de distância podem ter o prédio “disponibilizado” para outros órgãos e dá como exemplo o Centro Paula Souza, responsável pelas Escolas Técnicas Estaduais (Etecs), e os municípios para implantação de centros de educação infantil.
A rede estadual paulista, de fato, tem menos alunos a cada ano. O sistema chegou a ter mais de 5,5 milhões de estudantes no final dos anos 1990 e hoje tem, segundo a Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), 3,8 milhões de matriculas. Cerca de 700 mil alunos migraram para as redes municipais, quase 300 mil para a rede particular e houve redução da população na faixa etária.
Ainda assim, há salas com mais de 50 nomes na lista – ainda que nem todos frequentem as aulas. Na faixa etária de 15 a 17 anos, o Estado de São Paulo tem 270 mil adolescentes fora da escola, quase 15% da população, de acordo com o IBGE. “Na minha turma tem 55 alunos na chamada”, conta Thamires Cristina Monteiro, 17 anos, que saiu de Carapicuíba para protestar na Avenida Paulista. “Agora tem uns 40 vindo, mas o resto mudou para a noite para trabalhar de dia. Como eles vão fazer se fechar o noturno?”
No início do ano, a Secretaria Estadual já havia aberto mil turmas a menos em todo o Estado, o que foi uma das principais causas da greve dos professores que durou três meses e não resultou em qualquer vitória da categoria. Os docentes já se organizam para voltar a greve no Dia dos Professores, 15 de outubro.
Tumulto em São Paulo
No protesto na avenida Paulista, os estudantes caminhavam pacificamente quando a Polícia Militar interviu, causando tumulto. Duas pessoas foram detidas e levadas ao 78º DP, nos Jardins: o professor de Sociologia Luiz Carlos de Melo, que dá aulas na escola Raul Fonseca, no Moinho Velho (zona Sul) e o cinegrafista independente Caio Castor, que filmava a detenção do professor.
Após prestar depoimento, Caio e Luiz foram liberados, e reclamaram da truculência da PM. “me bateram e quebraram meu equipamento só porque eu estava filmando”, afirmou. Luiz foi acusado de ter passado uma rasteira em um PM, o que ele nega. A reportagem do SBT presente no 78º DP afirmou ter imagens que mostram que o PM caiu sozinho na confusão.
(colaborou Lino Bocchini)
PS do Viomundo: Agradecemos ao Rafael Vilela, do Mídia Ninja, autor do registro em foto da prisão de Caio Castor, assim como aos Jornalistas Livres e à CartaCapital.
Ameaça de fechamento de 150 escolas leva milhares de adolescentes às ruas em todo o Estado contra a decisão de Alckmin de “reorganizar” a educação
por Cinthia Rodrigues, em CartaCapital — publicado 09/10/2015 12h55, última modificação 09/10/2015 16h43
O cinegrafista independente Caio Castor foi detido pela Polícia Militar do Estado de São Paulo na manhã desta sexta-feira 9 de outubro quando fazia a cobertura do protesto dos estudantes secundaristas na avenida Paulista, contra o fechamento de 150 escolas pelo governo Geraldo Alckmin. Caio fazia a cobertura para o site Viomundo, de Luiz Carlos Azenha quando foi detido e teve sua câmera quebrada.
Há uma semana, estudantes de ensino médio da rede estadual paulista fazem dezenas de protestos contra uma reorganização escolar anunciado pelo Governo de Geraldo Alckmin (PSDB) que deve resultar no fechamento de escolas. Pelas redes sociais, o número de vídeos, fotos e ações agrupadas no movimento “Não fechem minha escola” é muito maior. O anúncio oficial de quais escolas terão as atividades interrompidas está previsto para o próximo dia 14 de novembro.
Nesta sexta-feira estudantes foram às ruas em dezenas de cidades do Estado. Na capital, cerca de 5 mil estudantes, segundo a organização, se reuniram na avenida Paulista (a PM não fez estimativa).
No final de setembro, o secretário de Educação do Estado, Herman Voorwald, anunciou que em 2016 as escolas serão reorganizadas para que mais escolas atendam apenas uma etapa de ensino entre as três que a rede contempla: Fundamental 1 (1º ao 5º ano), Fundamental 2 (6º ao 9º ano) e Ensino Médio. A justificativa do governo é que, com isso, as unidades se concentrariam em qualidade para cada idade.
As diretorias regionais de ensino, no entanto, receberam um documento com a reorganização prevista no qual estava a informação sobre o fechamento de unidades, muitas das com salas lotadas.
Circula uma lista, montadas pelo sindicato dos professores (Apeoesp) com 150 escolas ameaçadas, o equivalente a 3% de toda a rede. Professores e estudantes acreditam que a medida visa cortar gastos.
“Economize seus luxos, da Educação não dá para tirar mais nada”, dizia uma faixa no protesto de Penápolis, interior do Estado. “Aqui estou, aqui eu vou ficar, da minha escola, ninguém vai me tirar”, dizia um refrão gritado por centenas e gravado na Penha, enquanto outros estudantes marchavam por São Bernardo do Campo, Indaiatuba, Ribeirão Preto, Taboão da Serra, Osasco, Hortolândia e vários bairros da capital paulista.
A Secretaria de Estado admite que instituições com outras escolas a até 1,5 quilômetro de distância podem ter o prédio “disponibilizado” para outros órgãos e dá como exemplo o Centro Paula Souza, responsável pelas Escolas Técnicas Estaduais (Etecs), e os municípios para implantação de centros de educação infantil.
A rede estadual paulista, de fato, tem menos alunos a cada ano. O sistema chegou a ter mais de 5,5 milhões de estudantes no final dos anos 1990 e hoje tem, segundo a Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), 3,8 milhões de matriculas. Cerca de 700 mil alunos migraram para as redes municipais, quase 300 mil para a rede particular e houve redução da população na faixa etária.
Ainda assim, há salas com mais de 50 nomes na lista – ainda que nem todos frequentem as aulas. Na faixa etária de 15 a 17 anos, o Estado de São Paulo tem 270 mil adolescentes fora da escola, quase 15% da população, de acordo com o IBGE. “Na minha turma tem 55 alunos na chamada”, conta Thamires Cristina Monteiro, 17 anos, que saiu de Carapicuíba para protestar na Avenida Paulista. “Agora tem uns 40 vindo, mas o resto mudou para a noite para trabalhar de dia. Como eles vão fazer se fechar o noturno?”
No início do ano, a Secretaria Estadual já havia aberto mil turmas a menos em todo o Estado, o que foi uma das principais causas da greve dos professores que durou três meses e não resultou em qualquer vitória da categoria. Os docentes já se organizam para voltar a greve no Dia dos Professores, 15 de outubro.
Tumulto em São Paulo
No protesto na avenida Paulista, os estudantes caminhavam pacificamente quando a Polícia Militar interviu, causando tumulto. Duas pessoas foram detidas e levadas ao 78º DP, nos Jardins: o professor de Sociologia Luiz Carlos de Melo, que dá aulas na escola Raul Fonseca, no Moinho Velho (zona Sul) e o cinegrafista independente Caio Castor, que filmava a detenção do professor.
Após prestar depoimento, Caio e Luiz foram liberados, e reclamaram da truculência da PM. “me bateram e quebraram meu equipamento só porque eu estava filmando”, afirmou. Luiz foi acusado de ter passado uma rasteira em um PM, o que ele nega. A reportagem do SBT presente no 78º DP afirmou ter imagens que mostram que o PM caiu sozinho na confusão.
(colaborou Lino Bocchini)
PS do Viomundo: Agradecemos ao Rafael Vilela, do Mídia Ninja, autor do registro em foto da prisão de Caio Castor, assim como aos Jornalistas Livres e à CartaCapital.